As primeiras referências aos Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na literatura apareceram na metade do século XIX. No entanto, sua terminologia vem sofrendo sucessivas alterações. Nos anos quarenta, foi designado como "lesão cerebral mínima", porém, no ano de 1962, foi alterado para "disfunção cerebral mínima". Os conceitos atuais empregados em psiquiatria, no código internacional de doenças (CID-10) e no manual de desordens mentais (DSM-IV), apresentam semelhanças nas diretrizes diagnósticas para a perturbação, embora utilizem nomenclaturas diferentes (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade no DSM-IV e transtornos hipercinéticos na CID-10).
As estatísticas nacionais e internacionais situam a prevalência do TDAH entre 3% e 6%, considerando a maioria em crianças em idade escolar. É relevante o impacto causado por este transtorno na sociedade, tanto do ponto de vista biológico quanto psicológico, o qual prejudica as atividades escolares. No entanto essa patologia quando diagnosticada e tratada pode trazer benefícios ao indivíduo e a sociedade no que diz respeito à criatividade e empreendedorismo.
As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitados. Frequentemente têm o apelido de "bicho carpinteiro". Na idade pré-escolar, estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar, mexendo em vários objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e as mãos, não param quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair da sala ou do lugar onde estão.
Elas têm dificuldades para manter a atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são facilmente distraídas por estímulos do mundo externo e do mundo interno, vivem "voando". Nas provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas como "esquecidas".
Quando se dedicam a fazer algo do seu interesse, conseguem permanecer mais tranquilas. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui o diagnóstico de TDAH. Elas tendem a ser impulsivas, não esperam a sua vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar. Frequentemente apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que precisam fazer. Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual.
Acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDAH ingressarão na vida adulta com sintomas, tanto de desatenção quanto de hiperatividade. Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia, como consequência, quem tem TDAH fica muito “estressado”. É muito comum que se sobrecarregue uma vez que assume vários compromissos diferentes, pois não sabe por onde começar, muitas vezes, não conseguindo dar conta de tudo.
O diagnóstico do TDAH é basicamente clínico, baseado em critérios claros e bem definidos. Para um diagnóstico mais preciso, os sintomas são melhor observados a partir da entrada na escola, quando ocorrem por um período superior a seis meses.
O TDAH pode ser definido como um transtorno neurobiológico, cujo sintoma principal é caracterizado pela atividade motora excessiva. É um transtorno congênito e já se expressa na primeira infância, acompanhando o indivíduo por toda a sua vida. Se distingue por sinais evidentes e repetitivos de hiperatividade e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta se controlar.
Paulo Martins é doutor em Psicologia e professor da AEMS/UEMS/FIPAR