O número de veículos carregados com cargas perigosas, como gás industrial e combustíveis, que passam pela avenida Ranulpho Marques Leal deveria ser uma preocupação constante das autoridades de Três Lagoas, do Estado e do país. O risco que isso representa para a cidade é muito grande, como a passagem de centenas de carretas carregadas com toras de eucalipto representa perigo. Mas, não se trata de assunto diário, exceto para a Polícia Rodoviária Federal e por quem trabalha na avenida.
O perigo da passagem pelo meio de cidades que cresceram ao redor ou foram “cortadas” por rodovias é o mesmo das localidades por onde passam trens, como Andradina e Castilho (SP), por exemplo. Nas duas cidades, trens carregados com produtos das fábricas sul-mato-grossenses transitam entre casas erguidas ao longo da ferrovia, como ocorria em Três Lagoas até 2014. E, pelo mesmo motivo, os trilhos foram removidos para fora da área urbana exatamente para atender a interesses das fábricas. Essa preocupação, contudo, não é estendida à Ranulpho Marques Leal, como se o risco fosse menor.
A construção do anel rodoviário, que já foi peça decorativa de campanhas eleitorais, é apontada como solução para o problema. Por ele passariam todos os caminhões com carga pesada ou perigosa, em um desvio que, inclusive, encurtaria o caminho entre a rodovia BR-262 e a divisa com o Estado de São Paulo em relação ao traçado de hoje, em cerca de quatro quilômetros.
A falta de recursos e cortes orçamentários consecutivos jogam o desvio para fora da lista de prioridades, assim como a melhoria da BR-262 , principalmente no trecho entre Três Lagoas e Água Clara. Empurram a solução do problema para sabe-se lá quando. A causa: empenho político insuficiente para uma questão séria e relevante.