Alguns ditos populares que ouvimos a vida toda e que influenciam as crenças e atitudes de muita gente, se tornam um risco quando o assunto é segurança.O primeiro deles, que vale a pena derrubar, é que não dá para pensar em segurança como se pensa em futebol, isto é, algo de que “todo mundo entende”. No esporte mais popular do País, somos movidos pela paixão, daí todos acharem que têm a melhor receita para o seu time, o que nem sempre é verdadeiro. Porém, em segurança, toda cautela é pouca: precisamos nos cercar de especialistas no assunto e de um aparato correto (proporcional ao risco) se quisermos prevenir e minimizar danos.Ainda impera no Brasil a cultura de se adotar medidas preventivas adequadas em segurança só depois de sofrer com a ação de marginais. Num País onde os problemas de segurança se avolumam e preocupam seriamente a população – conforme apontam inúmeras pesquisas –, essa postura de primeiro perder, para depois prevenir, é ineficaz e, no mínimo, contraditória. Ainda mais se pensarmos que as perdas não se resumem aos bens materiais, mas podem atingir a própria vida humana.Voltando aos ditados tão queridos pelos brasileiros, há os que em nada ajudam e, pior, atrapalham. Ao invés de acreditar em “melhor prevenir do que remediar”, muita gente age na base do “em time que está ganhando não se mexe”, justificando a falta de prevenção com o fato de não ter sofrido diretamente com a violência. Em nossa área de trabalho, esse ditado leva o sujeito a investir em segurança somente depois que é assaltado, tem o imóvel invadido, perde algo de valor, etc. É o caso recente de recém-casados que colocaram todos os presentes na casa nova e viajaram em lua de mel. Ao regressar, encontraram a casa “limpa”, pois os bandidos haviam levado tudo. Aí instalaram alarme, câmeras – todo o aparato necessário – ambos pasmos com a agilidade dos malfeitores.Outras pessoas não se previnem acreditando que “o que tem que ser, será” ou “o ladrão que quer entrar, entra mesmo”. Isso é conversa fiada, que serve de desculpa para quem foi negligente e sofreu com a falta de prevenção. É creditar uma esperteza ao bandido, em detrimento da própria, posto que na maioria dos assaltos, é a facilidade que move o ladrão, sempre em busca do alvo mais fácil. Assaltos audaciosos, superplanejados, na prática são raros. O fato é que quanto mais fácil entrar em um imóvel, maior a probabilidade de que ele seja invadido, em comparação com outro com mais segurança incorporada. E nem me venham com “a noite todos os gatos são pardos”, para dizer que não dá para diferenciar quem é mal-intencionado, bandido, de um simples transeunte. Ainda que a escuridão facilite a vida dos gatunos – ressalte-se aqui que os equipamentos de segurança como alarmes, câmeras e sistema de monitoramento, bem como a presença de vigilantes inibem, sim, ações em todos os períodos, inclusive o noturno – é expressivo o número de intrusões em imóveis que ocorrem entre seis e sete horas da manhã, quando o dia está começando. É o fator surpresa em ação. Por fim, lembre-se que se o bandido entrar, os sistemas de segurança forçarão a ação delituosa a ser mais rápida, pois se um alarme tocar, uma câmera denunciar sua presença, é óbvio que ele vai agir rápido e se evadir imediatamente. E veja bem: um ambiente com segurança, eletrônica ou pessoal, tem o apelo preventivo, como acima citado. Assim, muitos crimes deixam de acontecer em razão de haver um sistema de segurança no local, embora ninguém venha lhe dizer“eu desisti de assaltá-lo e fui roubar em outro lugar porque você tem um bom sistema de segurança preventiva, que me inibiu e me fez desistir”. Isso certamente ocorre e o bom é que nem ficamos sabendo. Por isso, não me canso de repetir: em segurança, prevenção acima de tudo!
Erasmo Prioste é graduado em engenharia, especialista em segurança de patrimônio e diretor comercial do Grupo Segurança/ Security Vigilância Patrimonial.