As empresas familiares caracterizam-se pelas suscetibilidades a crises internas relacionadas com a transferência do poder. Muitas não sobrevivem à sucessão da primeira para a segunda geração e a taxa decai ainda mais na sucessão da segunda para a terceira geração, sendo que apenas 5% perpetuam-se.
Opinião
Sucessão na empresa familiar
Relevante pesquisa, patrocinada pela PWC, líder mundial em consultoria, revela que 45% das empresas familiares sequer abordam o assunto. Em 28% há planejamento sucessório, mas para executivos de segundo escalão e apenas 12% para seniores. Da amostra global, dois terços das empresas com plano de sucessão creem que o controle permanecerá sob um familiar. No Brasil, 45% das entrevistadas não anteveem alternativas, em caso, por exemplo, de falecimento, divórcio ou disputa entre sócios pelo controle acionário. Para os 54% das empresas que preveem mudança no comando, 56,8% pretende transferir o comando para a próxima geração, mas apenas 26% dedicam algum cuidado com a preparação dos herdeiros, onde 35% afirma que não há preparação e 39% acredita que a questão não se aplica à sua realidade.
Os resultados indicam a provável incidência em problemas já conhecidos e que poderiam ter sido antecipados e discutidos anteriormente, mediante a utilização de ferramentas de Governança Familiar e Corporativa. A separação entre propriedade, família e gestão, com a utilização de holdings e acordos de acionistas, serve para regular as relações entre os sócios, determinando, por exemplo, o regime de casamento de administradores, a transferência do controle e fórmulas para o cálculo do valor da empresa.
Com a criação do Conselho de Administração, formado por membros independentes e dotados de conhecimento especializado, ocorre um aumento do nível de transparência na tomada de decisões evitando prejuízos financeiros e emocionais. Tais ferramentas proporcionam uma inestimável estabilidade entre família e empresa no trato com o aumento do número de herdeiros, crescente demanda por benefícios e a falta de preparo de sucessores.
O planejamento e a reorganização de bens para as futuras gerações é um trabalho de médio prazo, que garante mais segurança aos patriarcas e liquidez para os herdeiros. Desta forma, o resultado será a construção de laços sólidos de confiança e a minimização de conflitos de interesse. Ou seja, quase tudo que uma empresa familiar necessita para ser bem-sucedida!
*Renato Vieira de Avila, advogado, mestre em Estratégia, especialista em Direito Empresarial e Tributário