Veículos de Comunicação

Opinião

Tempo de retorno do investimento de franquia: até que ponto isso é importante?

Muitos candidatos a franqueados dão grande ênfase à questão financeira, e acredito que estejam corretos. Normalmente, a primeira pergunta a ser feita é “qual é o valor do investimento e o prazo médio de retorno”. O mercado de franquias parece ter obsessão com o prazo de retorno do capital. 

No mundo das finanças modernas, o tempo de retorno ou payback é um indicador no mínimo arcaico e, isoladamente não serve para a tomada decisão. Um dos principais problemas em utilizar o tempo de retorno é que ele não diz nada sobre o que acontece após o período em que é retornado o investimento. 

O candidato a franqueado precisa pensar na sua expectativa de rendimento mensal. De nada adianta uma franquia que retorne o investimento em doze meses e tenha grandes chances de proporcionar um rendimento mensal pequeno, no qual o esforço empregado do franqueado não compensa pelo rendimento que é obtido.

Outro ponto importante é saber distinguir o que são novas tendências de mercado e o que são modismos. Novamente, de nada adianta realizar um investimento, obter retorno rápido sendo que dentro de pouco tempo os rendimentos da operação irão minguar no médio prazo. 

A franquia não é um investimento especulatório, onde o dinheiro é investido com a expectativa de recuperá-lo o mais rápido possível para assim destinar o recurso para outro fim. A franquia deve ser uma fonte de renda para o franqueado, seja complementar ou principal.

Além disso, o tempo de retorno desconsidera outra variável, o risco. Nesse ponto, imagino que alguns leitores estejam franzindo a testa e perguntado: “Franquias com risco?”.

Sim, toda atividade pressupõe certo nível risco. Aliás, até ser funcionário pressupõe risco. Ou seja, diferentes atividades pressupõem diferentes graus de risco. Da mesma forma, diferentes franquias pressupõem diferentes riscos. Recuperar o investimento em 6 meses ou em 60 meses, não informa muita coisa sobre o risco do negócio.  

É claro que abrir uma franquia oferece menor risco do que abrir um negócio por conta própria. Existem estatísticas da ABF (Associação Brasileira de Franchising) e do SEBRAE que demonstram que a taxa de mortalidade de franquias é bem menor do que a média dos outros negócios. 

Existem também estatísticas da ABF, que mostram, por exemplo, que 12% das microfranquias fecham as portas, enquanto que para as franquias tradicionais a taxa de mortalidade é de apenas 5%.

O conceito de negócios precisa ter sido testado e o franqueador precisa ter histórico de sucesso no segmento. É amplamente difundido que franquia pressupõe transferência de conhecimento. O que precisa ficar claro, porém, é que esse conhecimento deve ser baseado em um modelo de negócio de sucesso. 

Isso não significa que somente marcas com muitos anos de mercado são boas franquias. Nem sempre. Existem franquias jovens que são excelentes oportunidades de negócio e podem até oferecer vantagens se comparadas a marcas consolidadas. 

Entretanto, o que é preocupante, são franquias que surgem no mercado que nem se quer possuem uma operação modelo, na qual o conceito foi testado – o que pode se transformar num grande problema ao franqueado. 

Se mesmo assim você ainda não se convenceu, ou quer simplesmente utilizar o prazo de retorno, sabendo de suas limitações,  uma dica importante é entender como o cálculo do retorno foi feito. Além de refletir os números de receitas e despesas de forma adequada, o cálculo precisa levar em consideração o fato de que o faturamento tende a ser menor nos períodos iniciais, até que o negócio atinja sua maturidade.  
*Diego Simioni é administrador de empresas e sócio da GoAkira Consultoria Empresarial