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Opinião

Tempo globalizado

Chronos é o tempo do homem. Kairós é o tempo de Deus. E o seu tempo, qual seria? Muitas pessoas provavelmente responderiam “Aquele que falta” ou até mesmo “o curto”. Porém, o porquê dessa relativa falta de tempo ninguém procura saber. Afinal, sempre é mais fácil acusar as consequências do que estudar suas causas.

A vagareza do tempo no passado, onde as notícias muitas vezes precisavam atravessar oceanos e continentes, com poucas dezenas de quilômetros por dia, demoravam meses para chegarem aos destinos. Após a internet é mais fácil, na maioria das vezes, saber que um avião teve problemas na aterrissagem na China do que o que acontece com seu vizinho de apartamento, e as vezes se surpreende com notícias como: ele faleceu mês passado e você nem se deu conta!


Hoje em dia, a falta de tempo poderia ser considerada o verdadeiro mal do século. Século este em que os anos passam e ninguém percebe. Em plena Era pós-moderna, o tempo se encontra totalmente limitado, mediante o auge da globalização e comunicação ilimitada, muitos se perdem em meio às novidades. Se prendem em seus mundos tecnológicos e ali ficam por horas a fio. Muitas vezes sem perceber que o mundo existe fora de um aplicativo ou até mesmo do sistema “Android” de seus celulares. O resultado chega a ser óbvio: ao se desligar de tanta tecnologia, percebe-se que, realmente, o tempo urge!


Atualmente, os meios de se manter totalmente conectado são tantos que números de telefone e endereços residenciais se fazem totalmente desnecessários. O uso de papel como meio de comunicação já está ultrapassado. Tudo é digitalizado e entregue em tempo recorde. E eis que surge a ironia: Algo que ajuda muito na utilização do tempo, também serve perfeitamente para tomá-lo.


Ademais, os perigos iminentes das grandes cidades e a falta de lazer propiciada pelas cidades pequenas, só faz com que os videogames e quartos fiquem cada vez mais interessantes. Inclusive, as casas projetadas sem espaços com grama e terra nos levam a um confinamento de pisos gelados e a um divertimento pessoal e, muitas vezes individual, que consome horas e mais horas.


O importante seria saber aproveitar os dois mundos. O inserido em sistemas, que consegue ser muito prazeroso e atrativo, e o real, que por mais que às vezes pareça perigoso e sem novidades, devido às notícias transmitidas pelos meios de comunicação, também tem seus encantos. Além de propiciar o convívio interpessoal, base de qualquer relação que se possa estabelecer.


Sendo assim, para se tomar qualquer atitude em relação ao aproveitamento do tempo, é preciso que se abra mão de algumas horinhas de pura conexão. Até porque não se pode aproximar quem está longe, afastando quem perto se encontra.

*Juliana Lara Martins: Acadêmica de Direito da UFMS de Três Lagoas e Caroline Leite de Camargo: Professora de Direito da UFMS de Três Lagoas