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Opinião

Terceira história

A primeira história do Santos FC começou a ser contada em 1935, quando o Alvinegro conquistou seu primeiro Campeonato Paulista!
Ele já vinha incomodando os “grandes” da capital desde sua fundação e tinha uma característica diferenciada: não era time formado por colônia.
Sua segunda história, a mais brilhante até agora, começo a ser escrita em 1955, “carimbando” a faixa do campeão do IV Centenário, ganhando seu segundo título paulista e iniciando uma fase tão maravilhosa, que pode se dizer que só não ganhou todos os títulos que disputou porque preferiu correr o mundo, divulgando o futebol-arte!
Aliás, foi nessa fase que o futebol brasileiro perdeu o “complexo de vira-lata”, expressão cunhada por Nelson Rodrigues.
O time que começava com Gilmar, no gol, e terminada com o ataque mais temido da história do futebol: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe encantou o mundo, sendo o primeiro time que não era de capital a conquistar títulos importantes, tendo como ápice as Libertadores da América e Mundiais de 1962 e 63.
Será que as pessoas têm real noção do que isso significou e significa para o futebol brasileiro!
Obviamente, futebol – ainda mais para os brasileiros! – é pura paixão! Assim, as torcidas adversárias nunca darão o merecido valor às conquistas dos adversários, mesmo que esses tenham tantos diferenciais como é o caso do Santos FC.
Prova disso é que um antigo e anacrônico comentarista esportivo dos anos de 1970 – que entendia tanto de futebol que teve que passar “máquina zero” na cabeça, ao vivo, na TV, por ter perdido aposta em que afirmara que Mirandinha, do São Paulo, não marcaria gol no Palmeiras -, logo após Pelé parar sentenciou: “O Santos acabou!”.
De fato, o Alvinegro “pisou no freio” por algum tempo. Mesmo assim, conquistou alguns títulos de expressão em 1978, 84, 97 e 98.
E a terceira história?
Bem, esta começou a ser escrita em 2002, com o fantástico título brasileiro, que teve Diego e Robinho como protagonistas.
E para acabar de vez com o discurso batido dos adversários, de que “o Santos vivia de passado”, vieram mais um brasileiro, 2004; dois bicampeonatos paulistas: 2006/07 e 2010/11; a Copa do Brasil de 2010 e, enfim, a terceira Libertadores da América, ápice, até o momento, da geração de Neymar e Ganso.
É verdade que tomamos um “vareio” do Barcelona, para alegria dos adversários do Alvinegro. O Santos jogou com medo! Neymar, Ganso e Borges foram uma pálida imagem do que normalmente fazem, enquanto Messi & Cia. fizeram a apoteose do futebol, fazendo jus a tudo que se fala do fantástico time catalão.
Eu esperava muito mais do Alvinegro, não nego. No entanto, quem poderá negar os méritos que levaram o Santos à final do Campeonato Mundial Interclubes? Ou que o Alvinegro é um dos maiores times da história do futebol brasileiro?
Futebol é paixão e não dá para esperar racionalidade do torcedor apaixonado. Mas, a história não é escrita pela paixão…
Parabéns, Barcelona! Mas, em qualquer tempo, Santos, sempre Santos!

Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, escritor, engenheiro, professor universitário e compositor