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Transporte coletivo local: cena caótica

O município de Três Lagoas vive um momento de destaque em razão do forte crescimento industrial, abrigando o maior polo de celulose e papel do mundo. A área urbana vem ganhando novos ares com o surgimento de novos estabelecimentos comerciais, e a construção civil está a todo vapor. 

Em meio a tantas mudanças, o município lamentavelmente possui deficiências em serviços básicos que diminuem a qualidade de vida da população. O fato é que a cidade cresceu e, com esse crescimento, novos problemas apareceram, e os antigos se ampliaram. Além da demanda pelos serviços básicos, como saúde, lazer, entre outros, outra grande demanda diz respeito ao transporte coletivo. A oferta dos serviços de transporte coletivo não acompanhou a demanda, fazendo que os usuários padeçam com os serviços antigos e precários.

Basta olhar com um pouco de atenção para ver que a realidade enfrentada pelos usuários de transporte coletivo na cidade é revoltante. Idosos, gestantes, trabalhadores, estudantes e demais usuários enfrentam a superlotação que acaba pondo em risco a vida de todos que estão dentro ou ao redor dos ônibus.

Nos horários de pico, a cena é mais dramática, já que não resta outra opção aos usuários a não ser quebrarem as normas de segurança e exporem-se aos riscos de viajar espremidos nos degraus do ônibus, igualando-se aos das grandes cidades.

A situação é preocupante, uma vez que a frota de ônibus já não é mais suficiente para suprir a demanda apresentada. Vale destacar que o fluxo de veículos não para de crescer. A ocupação das ruas da cidade de Três Lagoas já não é a mesma.

A qualidade do serviço de transporte coletivo local tem deixado muito a desejar, pois, além de poucos horários, oferece escassas opções de itinerário. A deficiência no sistema de transporte coletivo é ainda agravada pelos pontos de ônibus ultrapassados, com mínima infraestrutura, que aumentam o desconforto dos usuários.  

Alguns questionamentos devem ser feitos diante dessa realidade: Onde fica o direito à segurança desses usuários? Até quando serão obrigados a viajar espremidos em ônibus superlotados? Concordamos com a obrigatoriedade do uso da cadeirinha nos automóveis para garantir a segurança das crianças, mas perguntamos: E as crianças que são usuárias do ônibus, podem viajar correndo risco de morte? Sem cadeirinha e sem espaço?

Muito se tem falado de educação no/para o trânsito, educação ambiental e cidadania. Observamos muitas campanhas debatendo esses temas, porém de que adianta investimento em campanhas desse tipo se nem mesmo há respeito pelos usuários do transporte coletivo? Se existisse um transporte coletivo de qualidade que atendesse às necessidades dos cidadãos, certamente seria um grande incentivo para a utilização desse serviço. Dessa forma, poderia haver uma redução do fluxo de veículos nas vias públicas e a consequente diminuição dos acidentes, do nível de estresse e até mesmo do impacto ambiental.

Sabemos que, para diminuir os impactos do crescimento acelerado de Três Lagoas, é necessário que o poder público dê a devida importância ao transporte coletivo, por meio de fiscalização, planejamento e viabilização desse serviço essencial para aqueles que não possuem veículo próprio. É preciso haver uma renovação e ampliação da frota para disponibilização de mais linhas e horários dos ônibus, vindo, assim, ao encontro das reais necessidades dos usuários.


Edvaldo Araujo da Silva: Acadêmico do Curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas. E-mail: [email protected]

Inês Francisca Neves Silva: Contadora, Mestre em Contabilidade e professora da UFMS – Campus de Três Lagoas. E-mail: [email protected]