Veículos de Comunicação

Opinião

Triste Campanha Eleitoral

Leia artigo do Jornal do Povo deste sábado, 15 de outubro

Presume-se que uma campanha eleitoral seja permeada de propostas de candidatos que buscam o voto do eleitor. Assim era no passado, porque nos dias de hoje, lamentavelmente, o pleito tomou outro rumo. Nos idos tempos, os candidatos apresentavam seus planos de governo colocando às claras quais os compromissos que pretendiam assumir, se eleitos. Os programas de governo versavam desde economia a educação, segurança pública, política de salários, moradia, saúde, água, saneamento, temas entre tantos outros que despertam no eleitor comprometido e responsável com a importância do voto a análise acurada sobre qual candidato poderá recair sua escolha. Também, os partidos por seu turno apresentavam programas baseados na concretização de seus ideais. Hoje, diferente das campanhas eleitorais do passado e influenciados pela força das redes sociais, candidatos defendem questões que atendem suas conveniências de eleição.

 Democráticas ou não, éticas ou imorais, desqualificadas ou agressivas, e até contra princípios consagrados na Carta Constitucional do país a sociedade brasileira, constata-se que hoje uma legião do eleitorado releva postulados da democracia, das liberdades individuais, a interdependência dos Poderes e valores que devem ser acatados e observados pelos cidadãos que cultuam o Estado de Direito e a legalidade. Em qualquer plano da disputa, seja no federal ou no estadual, constata-se pouca proposta e muito ataque pessoal entre candidatos no afã de desconstituir pretensões de governo perante o eleitor. Lança-se dúvida sob a honra e a honorabilidade. Eleva-se o tom da palavra com narrativas que empobrecem o debate. Estimula se o ódio e a cizânia entre as bases eleitorais ao ponto de se tornar qualquer observação sobre o pleito ou candidatos uma manifestação rancorosa por parte daquele que se atreve a expor sua opinião mesmo que fundamentada diante de dados concretos. Versão distorcida sobre fatos ganham proporção de um rastro de pólvora no acesso das redes sociais. Pessoas desavisadas que recepcionam estórias mentirosas, assustadas ou não (dependendo da conveniência) pelas versões que lhe são apresentadas, quase que instantaneamente as passam para frente sem uma reflexão apropriada sobre o tema que lhe é apresentado.

Assuntos que envolvem religião, família, finanças, conduta social e política e por ai afora tomam conta das redes sociais, aliás, um fenômeno que exige disciplina e argúcia para ler e interpretar. Infelizmente, vê-se, uns atacando outros, e os atacados replicando na mesma intensidade a agressão perpetrada. E numa continuidade sem fim, aqueles que se colocam contra a posição que defendem e do mesmo modo inversamente, promovem no seio da sociedade uma campanha eleitoral de disputa acirrada de baixo nível, permeada de ódio, rancor e ataques contra quem quer que seja, desde que o seu ponto de vista subsista nesta ofensiva que desmerece os propósitos de qualquer candidatura democraticamente apresentada. Nenhum diálogo prospera entre amigos, parentes e afins, diante das distonias das ideias.

O que se vê é que os mais contaminados pelos pontos de vista que abraçam e incorporam como seus e verdadeiros, demonizam os que lhes são contrários. Censuram sem respeitar o princípio de que entre pessoas civilizadas pode haver convivência civilizada entre os diferentes, seja de conceito ideológico ou de simples preferencia. Os rumos que vemos tomar essa campanha eleitoral demonizando fatos e circunstâncias é deplorável. Seja qual for o vencedor, o Brasil é muito maior que quaisquer ideologias e interesses que por ventura venham ser contrariados. Somos muito maiores diante daqueles que se tornam pequenos quando negam os princípios democráticos e as liberdades individuais dos cidadãos.  O resultado da eleição vai espelhar a vontade da maioria. E seja qual for o eleito, todos, havemos de acatar o resultado e torcer para que o caminho da normalidade e das instituições públicas sejam preservados. Não há porque se ver fantasmas em um país que respira democracia e dela jamais se afastará.