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Editorial

Um calvário por uma UTI neonatal

Confira o editorial do Jornal do Povo, na edição que circula neste sábado (25)

 - Arquivo/JP
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É no mínimo desumano pensar que famílias que dependem do SUS sejam obrigadas a percorrer de ambulância 330 quilômetros por mais de quatro horas para conseguir um atendimento que lhes possa garantir sobrevivência. É isso que ocorre com mães e recém-nascidos no Hospital Auxiliadora de Três Lagoas, que aguarda há três anos por boa vontade do Ministério da Saúde em liberar recursos para a instalação de uma UTI neonatal. 

Por falta deste serviço público na cidade, bebês já morreram a caminho de Campo Grande.

Ao longo dos mais de 95 anos de serviços prestados à cidade, o hospital busca melhorar o atendimento. A prova disso é a inclusão de novos serviços oferecidos a pacientes do SUS e conveniados. Em razão da melhora no atendimento, houve um aumento considerável no número de pessoas atendidas no hospital que, por sua vez, não recebe adequadamente por isso e, muito menos, para ampliar o atendimento. 

O hospital é filantrópico, conveniado com o município para atender pacientes do SUS. Mais de 60% dos leitos, por exemplo, são destinados a pacientes sem convênios. Além disso, é o único hospital semi-público para atender toda região da Costa Leste, com 11 municípios e mais de 300 mil habitantes. Daí a necessidade de possuir uma UTI neonatal e outra ampliada para pacientes adultos, que hoje dispõe de 10 leitos, e sempre com taxa de ocupação completa. 

A execução de um projeto de UTI neonatal custaria R$ 1,2 milhão, segundo estimativa do hospital. Fora o custo para a manutenção. Não precisa nem falar que diante do atual cenário econômico, qualquer liberação de recurso por parte do governo federal seria “um milagre”. Um exemplo são os R$ 2 milhões destinados à reforma e construção de mais oito leitos da UTI existente e à reforma do pronto-socorro, que até hoje só tiveram R$ 42 mil liberados.

Vários pedidos de políticos já foram feitos em favor do hospital. Deputados, prefeitos e vereadores se revezaram na fila dos pedintes. Quem sabe, agora, com o PMDB no Planalto, políticos ligados ao partido possam tocar o assunto adiante.