A atividade industrial experimentou nas últimas décadas uma quase ausência do comprometimento do Governo Federal com o seu potencial para impulsionar a economia do país, via geração de novas e boas oportunidades, mais empregos e melhores salários. O que, afinal, resulta em divisas e aquece o consumo interno. Talvez por isso, o setor reduziu drasticamente seus níveis de expansão, de investimento, deixando de alcançar plataformas desejáveis de inovação, competitividade e produtividade, não necessariamente nesta ordem.
Para que o Brasil se torne competitivo é preciso investir em novas tecnologias que permitam a modernização do processo de produção e, acima de tudo, reduzir o chamado Custo Brasil que inviabiliza qualquer iniciativa empresarial para aprimorar seu parque industrial, contratar mais, conquistar novos mercados, romper fronteiras, enfim, fazer movimentar com mais vigor esta engrenagem que ainda é um dos pilares de qualquer economia estável no planeta.
É relevante assistir a presidenta Dilma Rousseff mobilizar esforços para construir uma agenda positiva para a indústria. Este, sem dúvida, é um avanço considerável, pois resgata e, talvez mais do que isso, cristaliza o compromisso do Governo Federal com a nossa atividade e tudo o que pode produzir para melhorar a vida das pessoas. A decisão da presidenta Dilma em reabrir e manter o diálogo com a indústria, por meio da nossa representatividade na CNI (Confederação Nacional da Indústria), já está produzindo boas notícias.
O Pronatec, um Programa do Ministério da Educação concebido em conjunto com a CNI e outras entidades, está oferecendo um total de 3,5 milhões de vagas para cursos técnicos em todo o país até 2014. Para Mato Grosso do Sul trouxemos 36.582 vagas para atender os alunos do ensino médio que estejam cursando as escolas estaduais. O mérito de promover a integração do Senai e outras entidades do Sistema S, como Sesc e Senac, já seria suficiente para ampliar as oportunidades de educação profissional para milhões de jovens. Mas, a presidenta Dilma vem fazendo mais.
O Governo Federal está apoiando o Programa Senai de Competitividade Industrial com investimentos da ordem de R$ 1,9 bilhão, financiados pelo BNDES. Este Programa vai implantar 23 Institutos de Inovação, em parceria com o Instituto Fraunhof da Alemanha e com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Também serão construídos 38 Institutos de Tecnologia, assim como a criação e fortalecimento de 53 Centros de Formação Profissional e 81 novas Unidades Móveis de Educação Profissional, atendendo todo o país.
Este Programa trouxe para Mato Grosso do Sul um total de R$ 74 milhões que serão investidos nas construções do Instituto Senai de Inovação de Biomassa, em Três Lagoas, do Instituto Senai de Tecnologia em Automação, Energia, Alimentos e Bebidas, em Dourados, e de uma nova escola do Senai em Campo Grande, além das aquisições de 2 novas unidades móveis – uma de mecânica diesel e outra de colheita florestal.
Está claro que os bons caminhos para a indústria brasileira seguem um roteiro que, necessariamente, deve ser escrito conjuntamente pelos empresários, suas lideranças e Governos. Só assim conseguiremos extrair todo o nosso potencial produtivo, criativo e inovador. No seu movimento mais evidente na esfera estrutural, em outubro do ano passado, o Governo Federal lançou o Programa Brasil Maior, sinalizando investimentos de R$ 14 bilhões.
Em abril deste ano, promoveu estímulo a setores estratégicos, aumentando créditos subsidiados pelo BNDES e desoneração de impostos a outros. No mês passado, novas medidas para o setor, com regras mais flexíveis para o segmento automobilístico. Se ainda não são a totalidade das medidas necessárias para atender a indústria brasileira, demonstram uma determinação pouco vista nos últimos anos para estimular a nossa produção.
O diálogo entre nossas lideranças e o Governo da presidenta Dilma consolida um cenário com juros mais baixos, desoneração da folha de pagamento para alguns segmentos, redução de impostos , mais acesso a linhas de crédito e ampliação da oferta de vagas para educação profissional. É, sem dúvida, uma realidade bem mais adequada a um país que pretende ser uma das maiores economias do mundo. Ações que influenciam decisões e provocam mudanças simbolizam uma nova relação com o setor produtivo deste país.
Sérgio Longen é empresário do setor de alimentos e presidente da Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul.