Passam-se os anos, mas um velho problema brasileiro persiste e atormenta a população brasileira: a enorme desigualdade social. Ressalta-se que não é só a econômica, mas também a racial e a educacional, que separa a sociedade em “castas”, gerando preconceitos sem propósito.
A população brasileira não tem consciência da dimensão desses números. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que é um órgão auxiliar da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está em 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), porém, mesmo sendo este um índice alto, está em posição inferior à de outros paises da America Latina, como Chile e Argentina. É assustador ver que, por mais que o governo afirme estar distribuindo renda, muito mais há ainda por realizar.
O Censo Demográfico e outros dados e pesquisas do IBGE vêm mostrando uma gradativa melhora nas condições de vida dos brasileiros, porém índices como o da violência, da saúde e da educação ainda são alarmantes. Em se tratando da diferença entre a renda dos pobres e dos ricos, o Brasil é uma vergonha. Por mais que sejam divulgadas as melhorias decorrentes da ascensão das pessoas para classes superiores, como da D e da E para a C, a riqueza continua concentrando-se nas mãos de uma minoria, enquanto aqueles que dependem do salário mínimo vivem com dificuldades. Hoje o salário mínimo é de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais), e quanto ganha um deputado federal? Aproximadamente “só” 42 vezes mais. Isso é um absurdo!
O ser humano é, por natureza, dominador e ambicioso. Ele sonha acumular riquezas, ter uma casa boa, um carro novo, ou seja, construir um patrimônio, sob o argumento (muitas vezes falacioso) de que o está fazendo pelo futuro dos filhos. Nessa ânsia, muitos não percebem que essa visão de acumulação só traz mais distinção e preconceito entre as classes, gerando insatisfação, revolta, individualização aos menos favorecidos, e a violência vem à tona. Com a desigualdade social, também emerge o preconceito, que tem como base o local onde se mora, as roupas que se vestem e o carro que se tem.
É muito difícil, sobretudo para os mais jovens, compreender uma sociedade em que muitas pessoas se espelham nos bens que têm, e, para inserir-se no rolo compressor do sistema capitalista, muitos dos que não conseguem fazer frente a esse sistema ou conquistar aquilo que almejam o tomam do outro.
Assim, em partes podemos afirmar que a criminalidade deriva da desigualdade social. Mas isso ainda pode ser transformado, desde que haja investimentos visando ao bem-estar da população ou à melhoria da qualidade de vida. E essas iniciativas já estão acontecendo no Brasil: o governo tem investido muito em educação por meio da criação de novas instituições federais, da implantação de novos cursos, entre outras medidas. É importante destacar, no entanto, a importância da sociedade na cobrança das autoridades para a busca de soluções que possibilitem o crescimento do país, pois ainda se faz necessário que a sociedade exerça práticas e mostre atitudes de mudança em face dessa realidade, para que, assim, seja transformado o quadro atual.
Sumayra Gomes Yura: Acadêmica do Curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas.
Benedito Gonçalves da Silva: Contador e Professor Mestre da UFMS – Campus de Três Lagoas