Mais do que consensual, é estatística a defasagem da qualidade de ensino em nosso país quando comparado a outras nações participantes do Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, exame de aprendizagem organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O Brasil fez uma opção pela quantidade em detrimento da qualidade, com o intuito de erradicar o analfabetismo formal, colhendo como consequência um crescente analfabetismo funcional. Assim, a baixa qualificação profissional e seu impacto na produtividade do trabalho reduzem a competitividade de nosso país, levando-nos a um crescimento econômico pífio e à persistência das desigualdades sociais.
Diante deste contexto, como alcançar a excelência na educação? Alguns aspectos básicos que devem ser observados:
1. Professor. É necessário qualificar e remunerar adequadamente o docente, possibilitando e estimulando a dedicação em tempo integral. A valorização financeira do magistério é essencial para reter os melhores talentos. Os ganhos devem crescer de acordo com o desempenho dos alunos, a assiduidade do professor às aulas e sua avaliação periódica em provas docentes. O instrutor precisa aprender didática, saber transmitir conhecimento e ensinar para transformar.
2. Aluno. Os estudantes devem ser submetidos a exames auditivo e oftalmológico para identificar previamente deficiências que possam comprometer o aprendizado. Precisam ser estimulados para desenvolver interesse pela escola, reduzindo a evasão.
3. Pais. A educação não pode ser simplesmente delegada à escola. Os pais precisam se envolver, participando de reuniões, tarefas escolares, atividades extracurriculares. Também devem impor limites aos filhos e educar pelo exemplo – o pai que bebe com os amigos para se socializar e a mãe que toma remédio para relaxar influenciam seus filhos diretamente.
4. Estrutura curricular. Deve ser diversificada para aumentar a atratividade aos alunos, priorizando o autoconhecimento para identificação e fortalecimento de talentos e o desenvolvimento de competências não cognitivas. O sistema educacional não pode continuar estruturado exclusivamente para preparar alunos para exames vestibulares. Ou se insere o pragmatismo, ou a escola continuará sendo percebida como um fardo em virtude do conteúdo programático definido pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
5. Aulas. A monotonia é um convite ao desperdício de tempo. Enquanto o professor escreve na lousa, a desatenção e a indisciplina acolhem os alunos. As metodologias devem privilegiar a participação ativa do aluno e as atividades em grupo.
6. Infraestrutura. O ambiente deve ser acolhedor para aumentar o interesse do aluno e elevar o índice de frequência. A acessibilidade arquitetônica a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em salas, corredores, auditórios e banheiros precisa ser considerada. A tecnologia tem que ser inserida em sala de aula, como instrumento de ensino e socialização, contemplando a realidade das novas gerações, em contato desde cedo com equipamentos eletrônicos. A questão é saber quando, para que e o que fazer com a tecnologia.
7. Gestão escolar. Aperfeiçoar os sistemas de gestão, elevando a autonomia, integrando instituições e investindo na qualificação do diretor.
Há certamente outros fatores preponderantes, em especial as políticas públicas que devem amenizar o impacto da condição socioeconômica dos pais no desenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos, não se limitando apenas à ampliação do número de vagas em creches e pré-escolas. Mas isso é assunto para ser tratado em outro artigo