Dizem que um amigo é um tesouro, mas alguns são verdadeiras arcas recheadas de cédulas falsas, que mais cedo ou mais tarde nos fazem entender a frase: “Antes só do que mal acompanhado”.
Estamos na era dos amigos virtuais, distantes, que nunca jogam bola ou pegam um cinema com a gente, mas que conhecem qual é o nosso time do coração e sabem os nossos gostos por filmes. Não falamos com eles ao pé do ouvido, mas abrimos nossas vidas em cada frase documentada. Compartilhamos nossas vivências como se ambos fossem literalmente um livro aberto que é escrito a todo o momento neste estranho mundo novo que se apresenta cada vez mais hi-tech.
Nosso circulo de amizades pode ser entendido com um bolo que é preparado por nós e dividido em fatias. Através dessas fatias podemos classificar os amigos de várias formas, adequando as amizades às nossas próprias necessidades.
De um lado temos os amigos “contatos”, aos quais recorremos para auxiliar ou para sermos auxiliados no ramo profissional de nossa existência. Também temos os amigos “festeiros” que são ótimos quando se quer farrear, mas péssimos quando estamos com enfrentando alguma dificuldade. O amigo problema, que é encrenca certa em qualquer tipo de situação e que popularmente já ganhou a alcunha de amigo-da-onça.
Temos os amigos “pau-pra-toda-obra”, super úteis quando precisamos de algo, e aos quais não podemos negar nada, pois geralmente são nossos melhores amigos. Ou os amigos de estudos (faculdade, técnico, etc) juntos na arte de aprender. Os amigos de infância acabam muitas vezes se tornando amigos de nossas lembranças, que somem com o passar dos anos, mas sua amizade fica gravada nas nossas recordações de criança.
Nesta narrativa, não podem faltar os amigos para os chamados “papos-cabeça”, perfeitos para filosofar sobre as preocupações e mistérios existenciais. São eles que nos ajudam a tentar entender que é impossível montar o quebra-cabeça da vida, pois o tal quebra-cabeça é na realidade uma caixa de sucrilhos, que deve ser saboreada e não entendida.
Estes são apenas alguns dos tipos de amigos que encontramos enquanto vamos respirando e transpirando rumo ao leito eterno. Muitos deles acabam ocupando mais de uma função em nossas vidas. Mas todos estes amigos são marcos de nossa passagem por este mundo, transmitindo energia positiva e conseguindo dar um ânimo a nossa vida, dizendo coisas do tipo: “curta a vida porque a vida é curta”. Um amigo é um pedaço de nossa história escrita por outra pessoa.
Aproveito o final deste texto para prestar uma homenagem a um grande amigo conhecido por Ézio Leite de Oliveira, ou simplesmente Ézio para os amigos, que encerrou sua jornada neste mundo há poucos dias atrás. Algumas amizades morrem no decorrer da vida, outras se mantêm vivas mesmo após a morte, o Ézio era uma delas. Se as crenças dele estiverem certas e minhas descrenças totalmente erradas, então ainda voltaremos a nos encontrar… TODOS NÓS…
Antonio Brás Constante é escritor