A Folha deu três importantes "furos de reportagem" seguidos, desses de deixar o eleitor definitivamente desanimado com o Congresso Nacional, pensando em mudar de país, ou de planeta.
Primeiro, foi a história do castelo não declarado e nem sequer justificado do deputado Edmar Moreira, que seria não apenas vice-presidente como corregedor da Câmara, veja só!
Depois, foi a do casarão também não declarado e não muito bem justificado do então diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, que entrou no Congresso como datilógrafo e sem concurso, mas fez toda essa fortuna, veja só!
Agora, os repórteres Adriano Ceolin e Andreza Matais informam que o Senado pagou pelo menos R$ 6,2 milhões em horas extras para seus funcionários em… janeiro, quando o Congresso está em recesso, veja só!
Pelo Siafi, que é o sistema de acompanhamento de gastos do governo, seria ainda mais: R$ 8 milhões.
Não bastasse a decisão de dar hora extra durante janeiro, quando não há sessões, votações, decisões, a hora extra do recesso parece ainda mais especial, porque teve um reajustezinho de 111%. O limite, segundo documentos que os repórteres conseguiram, foi de R$ 1.250,00 para R$ 2.641,93.
Isso tudo, castelo, casarão e "hora extra sem hora normal", está dando no quê? Em nada, ou melhor, em espuma. Meias soluções, meia poeira empurrada para debaixo do tapete. E a vida continua.
Edmar Moreira caiu do cavalo, da Vice-Presidência e da Corregedoria, mas continuou no castelo e no mandato. Agaciel renunciou à direção-geral, mas fica no Senado, aguardando uma gorda aposentaria em dois anos. E o presidente do Senado, José Sarney, diz que vai moralizar e manda os funcionários do seu próprio gabinete devolverem a grana, mas ninguém explica, nem justifica como foi tomada a decisão. Aliás, quem, como, onde e por quê?
É assim, com uma atrás da outra, que o descrédito do Congresso está chegando a um ponto insuportável.
Eliane Cantanhêde é jornalista e colunista de política