Três Lagoas vai encerrar 2018 sob a ameaça de contabilizar, em pouco tempo, mais uma epidemia de dengue – um problema recorrente, que parece não ter solução. A cidade, que já teve epidemia com registro de mais de mil pessoas infectadas pelo vírus da doença no período de um ano, não consegue controlar a infestação do mosquito vetor da enfermidade. O Aedes.
Há quase dois meses, servidores públicos do setor de endemias trabalham dia e noite no combate ao mosquito. Relatórios apontam centenas de visitas a casas de moradores, empresas e a terrenos vazios por semana, além de uma quantia não muito inferior de borrifações e pulverizações por quase toda a cidade. Tudo parece ser em vão diante da morte de uma criança, que pode ter sido contaminada pelo vírus e que teve um quadro de saúde agravado. Exames estão sendo feitos para identificação da causa da morte.
As ações do poder público só não seriam insuficientes se a cidade não tivesse, hoje, esse registro de morte e as centenas de pessoas incapacitadas para as atividades diárias pela contaminação. Mas, sem apoio integral da população, que não limpa terrenos, calhas e que deixa caixas d’água abertas e entulho nos quintais, as ações se tornam incapazes de impedir o crescimento do número de casos.
E já se vão mais de 30 anos que o cenário se repete em Três Lagoas e na maioria das cidades brasileiras. Bilhões de dólares são gastos anualmente com o combate ao mosquito e com a perda da força de trabalho, a cada epidemia – situações que não mudarão até que não haja inseticida que elimine o mosquito por completo ou que a população tenha, enfim, consciência de que a higiene é alternativa ideal e bem mais barata.
A morte da criança, nesta semana, se soma a outra, ocorrida em abril deste ano, de uma pessoa contaminada por outro vírus transmitido pelo inseto: a leishmaniose visceral humana. E as causas são exatamente as mesmas, com o agravante de que a falta de higiene contribui ainda mais com a proliferação de uma doença ainda mais letal.