Ninguém mais tem idéia do tempo que se briga pela Terra Santa. Reivindicada por palestinos, em sua maioria muçulmanos, judeus e cristãos ao longo do tempo. Sua história já pode ser considerada uma epopéia eterna que, com certeza, pode ainda durar muito tempo. Se continuar desta forma, pode-se prever que nunca haverá ganhadores.
Mesmo que um dos contendores, palestinos ou judeus, seja vencido em batalha e colocado de joelhos, pode-se esperar pela reação após algum tempo. Parece que por lá todos são Fênix e ressuscitam a cada parcela de tempo.
Neste momento a parte mais fraca é a dos palestinos, e a forte a dos judeus, esses sempre protegidos e ajudados pelo império americano.
Somente os palestinos não percebem essa divisão de forças e quem, no momento, é mais forte política e militarmente. Percebido isso, poder-se-ia mudar a tática e seu modus operandi.
Qual seria, no momento, a grande solução para os palestinos? Sem dúvida, a da educação. Tivessem iniciado uma ação inteligente em 1948 e, hoje, as coisas seriam diferentes. Mas, uma vez que isso não foi realizado, e os recursos foram desperdiçados em ações inúteis, pode-se começar agora uma nova ação.
Aliada à batalha da educação, os palestinos deveriam desistir, temporariamente, de ter seu próprio país. Com certeza, qualquer pedaço de terra que se lhes dê, nela não estará inclusa Jerusalém, pivô da grande batalha e do desejo declarado. Aliás, de ambas as partes. Se Jerusalém fosse declarada território internacional, administrado pela ONU, e não pertencesse a judeus ou palestinos, o problema seria menor, sem dúvida.
Porém, como isto não é provável e ninguém em sã consciência se meteria em tal empreitada inglória, podemos esperar pela continuação das ações bélicas, pouco inteligentes e sem qualquer chance para os palestinos.
Qual é então a chance dos palestinos, se desistirem de um país? Todas, e maiores que as de hoje, se agirem com inteligência.
O segundo ato inteligente – o primeiro é começar a cuidar da educação, conforme já mencionado – é os palestinos, pura e simplesmente, cessarem qualquer ato bélico e aceitarem a supremacia dos judeus (escoltados pelos norte-americanos) sobre Jerusalém e a Palestina. Devem conviver lá como simples habitantes.
O terceiro ato inteligente é a criação de um partido político, de modo a disputar eleições em Israel. Com um partido político pode-se ir crescendo e ganhando força e, com o tempo, provocar uma alternância no poder, ora os judeus, ora os palestinos.
Com o tempo, e com algumas vezes no poder, pode-se ir mudando o necessário para criar as condições dignas de boa convivência e que permita aos palestinos se desenvolverem. Sem conflitos, as energias, e em especial os recursos, serão canalizados para ações úteis.
Paulatinamente notar-se-á que a melhor forma de se ter a Palestina para os palestinos é a convivência. E não importa que nome tenha a terra, Palestina ou Israel, conquanto se viva nela e nela se criem seus filhos, estudem e plantem, etc. Um nome é apenas um nome, e não necessariamente precisa significar alguma coisa.
E qual o efeito colateral desse desenvolvimento dos palestinos? Sem dúvida, ao longo do tempo, a predominância, já que os palestinos, mais pobres, aumentarão sua população bem mais rapidamente dos que os judeus, o que é natural entre países pobres. A natalidade entre os países mais desenvolvidos é sempre menor, e a história está aí para provar isso.
Assim, no futuro, a terra poderá ser, em realidade, dos palestinos, podendo ficar os judeus como uma população residual, bem menor, e com menos poder eleitoral.
Com o domínio político quem impedirá os palestinos de fazerem o que querem em sua nova terra, e mesmo executar uma mudança de nome?
Assim, palestinos, corramos atrás dos verdadeiros interesses, pois explodir tudo e morrer não serve à causa, mas apenas a Israel e aos judeus, que vêem os recursos e as vidas inimigas gastas inutilmente, o que para eles é perfeito.
Portanto, atrás da verdadeira batalha, a manutenção do povo vivo. E voltando a nascer palestinos, já que hoje eles são apenas descendentes, pois a Palestina não existe. Não se pode nascer naquilo que não existe, assim, são apenas israelenses, jordanianos, etc.
Samir Keedi é economista, mestre em administração, professor da Aduaneiras