Este é um ano de eleições municipais e verifica-se que Três Lagoas atravessa uma fase das mais delicadas da sua vida administrativa. Apesar dos percalços é certo que a cidade é maior do que qualquer dificuldade que se apresenta, até porque tem economia vigorosa, aliás, própria dos polos industriais.
A geração de emprego e renda é um indicador permanente de que a cidade é e está entre as cem cidades que mais se desenvolvem no país. Entretanto, apesar da realidade atual e das perspectivas futuras, uma questão preocupa quem olha para o mundo da política na acepção elevada da palavra e constata que são raríssimos os nomes que se dispõem a disputar por um partido a prefeitura da cidade.
Essa questão remete à análise de que há muitas pessoas preparadas e capazes para administrar Três Lagoas, mas que não se dispõem a emprestar o seu nome para essa nobríssima missão. Dois são os exemplos, entre várias situações: uns, porque não querem largar os seus fazeres, seus negócios e suas prioridades pessoais. Outros, porque se arrepiam em pensar que sem praticar quaisquer atos de desobediência à lei mesmo assim podem ser interpelados e obrigados a darem explicações aos organismos de fiscalização pública e quem sabe até responder pelo que não fizeram, embora, sejam vistos ou interpretados como contraventores da norma legal.
Os que não se incluem neste grupo, certamente, não criarão qualquer situação que acarrete em constrangimento legal, porque honrados e dignos observarão sempre a lei. Diante da recusa de uns e outros, resta opção por aqueles já estão militando na política, seja como dirigente partidário ou investido em mandato popular em Assembleia Legislativa ou na Câmara Municipal.
Três Lagoas tem na atualidade um nome de candidato à prefeitura declarado: o deputado Ângelo Guerreiro que, ao longo de muitos anos, tem se dedicado à atividade política, defendendo as causas que acredita. Afora este parlamentar, não se contabiliza mais ninguém com disposição declarada para a disputa do pleito. E, é justamente esta circunstância que evidencia que há um vazio político de nomes dispostos a disputar a prefeitura de Três Lagoas dentro de um clima de festa democrática repleto de opções para o eleitorado fazer sua escolha quando, então, deverá vencer aquele que aglutinar a preferência do eleitorado.
É certo, repita-se, que a atividade político partidária atravessa uma das fases de maior descrédito no seio do eleitorado em consequência da incompetência e dos abusos que perpetraram na administração pública, atualmente, repleta de casos escabrosos, escândalos, descaminhos de conduta, corrupção e tudo mais que se vê no atual cenário político. Mas, é certo que um país, um povo para viver no ambiente democrático tem que ter ao seu dispor mecanismos que lhes permita fazer suas escolhas diante de propostas administrativas.
Diante deste quadro, reputará conveniente ou não para o destino do seu país, do seu Estado e município as propostas que lhes for apresentada. É certo que no desenrolar das atividades dos poderes Executivo e Legislativo se dá e resolve o encaminhamento das questões de interesse da coletividade. Nada pode e deve ser decidido em desacordo com as aspirações populares. Mas, diante do presidencialismo “imperial” e da insensibilidade dos membros do Congresso Nacional, ressalvadas as exceções de conduta, hoje, mais do que nunca atravessamos uma fase de reprovação da atividade político partidária, que virou sinônimo de tudo quanto se pode recriminar.
Essa circunstância aumenta mais ainda o vazio político que crassa na vida nacional. Por tudo que vivemos na atualidade, enquanto não se promover reformas profundas no sistema de governo e nas condutas diárias de nossos representantes, os quais devem ter consciência de que exercer função de representação pública não é festa, mas sacerdócio, o abismo continuará se aprofundando. E as forças vivas da sociedade continuarão aflitas como Diógenes, com uma tocha na mão procurando no fim do túnel uma luz, ou seja, quem melhor o represente.