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Julgamento

Homem é condenado há mais de 31 anos após tentar matar a ex e atear fogo na casa dela

O autor foi preso na manhã do outro dia por força de mandado de prisão preventiva por tentativa de feminicídio

O Júri ocorreu nesta terça-feira (24) no Fórum de Paranaíba - Arquivo - RCN 67
O Júri ocorreu nesta terça-feira (24) no Fórum de Paranaíba - Arquivo - RCN 67

José Luiz Silva foi condenador há 31 anos e 170 dias regime fechado após tentar matar a facadas a ex-companheira, ele ainda ateou fogo na casa dela. O Júri ocorreu nesta terça-feira (24) no Fórum de Paranaíba. O corpo de jurados foi composto por quatro mulheres e três homens. Atuou na acusação o promotor Leonardo Palmerston e na defesa o advogado Gabriel Carvalho. O juiz foi o Edmilson Ávilla.

O crime ocorreu em 13 de novembro de 2021 e segundo investigação, a vítima chegava em casa por volta de meia-noite e trinta após uma noite de trabalho, quando foi surpreendida pelo ex-companheiro e atingida por vários golpes de faca na região dos braços e pescoço.

Mesmo ferida, a mulher conseguiu tomar a faca do agressor, correr e pedir auxílio aos vizinhos. Ela foi socorrida e levada à Santa Casa local. O autor fugiu do local e retornou minutos depois, invadiu a casa e ateou fogo nos cômodos da residência causando um grande incêndio que danificou os móveis.

O autor foi preso na manhã do outro dia por força de mandado de prisão preventiva por tentativa de feminicídio.

A vítima perdeu muito sangue e foi encaminhada para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde aguardava transferência para Campo Grande.

Ao júri, a vítima contou que as brigas ocorriam por conta de ciúmes e sempre que o autor ingeria bebida alcoólica. No começo do relacionamento ela disse não ter conhecimento do histórico de violência doméstica do então namorado.

“Ele disse que ia mudar, mas começou a beber, ficar agressivo e a relação começou a ficar difícil”, contou. Ainda no depoimento, ela disse que não sabia por que não conseguia sair do relacionamento, mas sempre que tentava, o ex dizia que ela não poderia o deixar no momento que ele mais precisava. “' Você vai me deixar logo agora, que eu mais preciso de você”, dizia.

A mulher ainda lembrou que foi agredida sete vezes antes da tentativa de feminicídio, com dois registros na Delegacia de Atendimento à Mulher, no último caso antes do crime, ela tinha medida protetiva, porém não o impedia de se aproximar.

Na data do fato, a mulher relata que ao perceber que o ex estava de posse de uma faca levantou os braços e foi quando sentiu a primeira facada. “Só pensava que ia morrer, mas ia morrer lutando. Tentei me defender que nem senti as outras facadas. Meu braço parecia uma torneira, jorrava sangue. Só pensava em ir pro hospital”, relatou.

Socorrida por um vizinho, ela ficou sabendo no hospital que a casa foi incendiada e relembra que após perder eletrodomésticos como geladeira, televisor, recém comprados, continuou pagando as parcelas. Ainda sobre as perdas, na casa havia R$ 500 em dinheiro, roupas novas para os filhos e roupas de cama.

“Eu perdi tudo”, lamentou.

Autor

José Luiz também falou durante o julgamento. Ele contou sobre o uso de entorpecentes, como maconha, cocaína e crack e álcool. O homem disse que teve um ‘apagão’ no momento do crime, lembra apenas de momentos antes e da manhã seguinte, mas sobre as facadas e incêndio, ele apenas diz que pode ter sido ele.

“A gente discutia sempre por desconfiança minha. Eu achava que ela estava me traindo”, contou.

No dia do crime, José Luiz recorda que ele ingeriu pinga e usou entorpecente e depois não lembra de nada. No outro dia ele acordou em uma residência onde tinha costume de usar droga com a Polícia batendo na janela e escondeu no forro, sem saber explicar o motivo de ter fugido quando viu a Polícia.

Quanto ao uso de droga, ele lembra que usou naquele dia 10 gramas de cocaína e muita bebida alcoólica. Questionado sobre culpa e arrependimento, ele disse que sente-se arrependido.

“Ela foi a única que deu confiança e achei que a gente ia dar certo”, ponderou.