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Saudade E Revolta

Assassinato de Silas completa um mês e mãe faz homenagem a filho

Engenheiro agônomo paranaibense foi morto a tiros por Paulo Faruck, produtor rural, após uma tentativa de acordo para que o o prudutor quitasse dívida relacionada a safra de soja

Recorte de fotos em família e texto amocionaram internautas - Reprodução/Rede social/Natalina Maia
Recorte de fotos em família e texto amocionaram internautas - Reprodução/Rede social/Natalina Maia

Natalina Maia, mãe do engenheiro agrônomo paranaibense Silas Henrique Palmieri Maia, assassinado na tarde de segunda-feira (18) de fevereiro em Porto dos Gaúchos, Mato Grosso, a 650 Km da capital Cuiabá, fez uma homenagem, um desabafo e um pedido de justiça ao completar um mês da morte do filho. Em sua rede social, Natalina escreveu um texto relembrando aos internautas que na data 18 de março de 2019, completou um mês que seu filho foi assassinado de forma covarde e cruel.

Na publicação a mãe fala sobre a dor que sente e sentirá para sempre, e pede justiça. “Hoje faz 01 mês que arrancaram uma parte de mim e com a maior covardia e crueldade! Custo a acreditar, mas um homem frio e sem humanidade alguma assassinou o meu filho traiçoeiramente, não lhe dando nenhuma chance de defesa e com isso matou uma parte de mim também. Senti, sinto e sentirei, enquanto viver, essa saudade sufocante, essa dor incessante, que é a perda de um filho, o meu amado Silas. Peço justiça! Que o monstro que fez isso, pague, que seja condenado a prisão, e que seja longa, isso não trará o meu filho de volta, mas impedirá que ele mate outro inocente.”

O crime

O paranaibense Silas Henrique Palmieri Maia, 33 anos, foi morto na tarde de segunda-feira, 18 de fevereiro, na região rural de Porto dos Gaúchos, Mato Grosso, a 650 Km da capital Cuiabá. De acordo com a imprensa local o engenheiro agrônomo, que estaria na região para cobrar uma dívida de um produtor rural referente a safra 2018/2019, foi alvejado com quatro tiros na cabeça. Silas era consultor de vendas da empresa Agroinsumos. Após ser atingido, o engenheiro foi colocado desacordado em uma caminhonete e teria recebido todos os procedimentos de tentativa de salvamento, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local, afirmou à imprensa local um médico que participou do procedimento.

Câmeras de segurança do restaurante registraram a execução de Silas Henrique, que estava no local em companhia de outro homem. Nas imagens é possível ver o assassino de camisa azul, usando boné e óculos de grau, chegando pelas costas, tocando o ombro da vítima e o executando assim que ele se vira para trás. Silas morreu na hora. O homem que o acompanhava conseguiu fugir no momento dos disparos. O corpo do engenheiro passou por autópsia no IML de Juína (MT) e foi trasladado para Paranaíba (MS), onde residem seus pais e familiares. Silas foi velado na casa de velório Pax Vida e sepultado na manhã de quarta-feira (20) no cemitério municipal.

Investigação e prisão

No dia 21 de fevereiro o produtor rural, Paulo Faruk, principal suspeito de ter assassinado o engenheiro agrônomo, se entregou à Polícia Civil de Juara, distante 300 Km de Sinop – onde Silas residia – e 693Km de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. O suspeito estava negociando sua apresentação à Polícia através de seus advogados, afirmou o delegado responsável pelo caso, Carlos Henrique Engelmann. Os primeiros depoimentos foram colhidos no mesmo dia.

Diante do delegado, segundo informações da Polícia Civil, o autor dos disparos, Paulo Faruk, afirmou que estava “se sentindo pressionado” por Silas, afirmando que o engenheiro estaria “invadindo sua fazenda e perturbando seus trabalhos de colheita de soja”. O criminoso confesso também afirmou que, “incomodado com e emocionado com a situação que vinha passando, ao ver o engenheiro em um restaurante cometeu o ato sem pensar”. Depois disso, Paulo afirma que “não se lembra de mais nada”, pois teria “ficado cego pela emoção”, saindo com o veículo em direção aos município dos Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte e Juara, interior de Mato Grosso.

Segundo o delegado, o produtor rural afirmou que a arma utilizada no crime foi deixada durante a madrugada de quinta-feira (21) em frente à Delegacia de Tabaporâ. Ainda segundo o delegado a arma já foi encontrada e encaminhada para perícia. O assassino afirmou ser o proprietário da arma, porém, sem permissão para portá-la.

Tornou-se réu

O produtor rural Paulo Faruk tornou-se réu pelo homicídio do engenheiro agrônomo paranaibense Silas Palmieri Maia, 33 anos, após o juiz Rafael Depra Panichella, da Comarca de Porto dos Gaúchos (MT), acolher a denúncia feita pelo Ministério Público.

Trecho da denúncia oferecida pelo MP relata que, para o promotor do caso, o produtor rural agiu compelido por motivo fútil e vontade de matar. “Que no dia 18 de fevereiro de 2019, no período vespertino, por volta das 13h00min, no estabelecimento comercial denominado “Bar e Lanchonete Fogão a Lenha”, localizado no distrito de Novo Paraná em Porto dos Gaúchos/MT, o denunciado Paulo Faruk de Morais, com consciência, vontade e ânimo de matar, impelido por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, utilizando-se de arma de fogo, desferiu disparos a curta distância contra a Silas Henrique Palmieri Maia, provocando-lhe morte instantânea por hemorragia intracraniana.”

Ainda na denúncia, o Ministério Público afirma que “o crime foi motivado em razão de revolta do réu com os atos de fiscalização e cobrança realizados pela vítima”. Silas, representante da empresa Agroinsumos, teria constatado desvio da produção ofertada pelo produtor rural como garantia de quitação de dívida anterior com a empresa. Por meio de conversa telefônica, Silas teria dito a Faruk que seria necessário o arresto dos grãos de sua propriedade, bem como que a venda de tais bens somente poderia ser realizada com autorização expressa da Agroinsumos, pois havia suspeita de desvios da soja colhida para terceiros.