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Delegacia da Mulher acumula quase 700 inquéritos em caixas de papelão

São investigações que não tiveram um ponto final e, alguns casos, estão paradas há mais de um ano na unidade policial

Quem entra na DAM se depara com inquéritos espalhados - Hugo Leal/JPNEWS
Quem entra na DAM se depara com inquéritos espalhados - Hugo Leal/JPNEWS

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DAM), de Três Lagoas, tem dezenas de investigações em andamento e que não chegaram a um ponto final. São inquéritos que estão parados há mais de um ano, e um dos motivos: o número insuficiente de agentes e investigadores. Atualmente, a unidade policial tem quase 700 inquéritos – parte deles parados há mais de um ano. 

De acordo com o levantamento obtido pela reportagem, os principais casos são de agressão, abuso sexual, ameaças, vias de fato – que são agressões que não deixam marcas -, além de situações envolvendo adolescentes, idosos e mulheres grávidas. Os inquéritos ficam espalhados pela delegacia, o que torna fácil para qualquer pessoa se deparar com a situação. 

Logo na entrada do prédio há caixas de papelão pelo chão lotadas de documentos. 
A Polícia Civil explica que a quantidade é considerada alta e que tem trabalhado para evitar o acúmulo de ocorrências. Para tentar concluir as investigações, a equipe faz mutirões. Recentemente, uma nova delegada – Patrícia Abranches – foi incorporada à equipe. “Nós temos uma demanda grande de ocorrências e, devido o efetivo ser baixo, não conseguimos dar uma vazão a essa demanda. Então, procuramos priorizar os casos mais emergenciais. Por isso, temos inquéritos há mais de um ano e boletins de ocorrência  que não conseguimos instaurar ainda”, disse a delegada Letícia Mobis. 

A titular da DAM explica que o objetivo é deixar os cartórios em dia para enviar os documentos para o Poder Judiciário. Outra questão é que as mulheres, conforme a delegada, estão mais confiantes em procurar a delegacia para registrar denúncias de violência e, consequentemente, o número de ocorrências aumentou. “Temos muitas denúncias por meio do telefone 180 e também de terceiros que se deparam com a situação e procurar denunciar. Mas as mulheres estão mais corajosas hoje em dia”, concluiu.

Mudança para novo endereço

Além do acúmulo de inquéritos, a DAM sofre com a infraestrutura. O prédio da unidade é pequeno, se parece com uma garagem, e dificulta o atendimento à população. São pequenas salas com espaços divididos entre investigadores, escrivães, delegadas e papéis.  Um imóvel localizado na rua Oscar Guimarães, no Centro de Três Lagoas, já foi alugado pela Secretaria de Segurança Pública (Sejusp) há pelo menos dois meses. Porém, não houve a transferência. 

O delegado regional da Polícia Civil, Rogério Makert, informou à reportagem que a mudança ocorrerá neste mês. De acordo com ele, o local possui mais espaço e poderá auxiliar no atendimento às vítimas.