A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DAM), de Três Lagoas, tem dezenas de investigações em andamento e que não chegaram a um ponto final. São inquéritos que estão parados há mais de um ano, e um dos motivos: o número insuficiente de agentes e investigadores. Atualmente, a unidade policial tem quase 700 inquéritos – parte deles parados há mais de um ano.
De acordo com o levantamento obtido pela reportagem, os principais casos são de agressão, abuso sexual, ameaças, vias de fato – que são agressões que não deixam marcas -, além de situações envolvendo adolescentes, idosos e mulheres grávidas. Os inquéritos ficam espalhados pela delegacia, o que torna fácil para qualquer pessoa se deparar com a situação.
Logo na entrada do prédio há caixas de papelão pelo chão lotadas de documentos.
A Polícia Civil explica que a quantidade é considerada alta e que tem trabalhado para evitar o acúmulo de ocorrências. Para tentar concluir as investigações, a equipe faz mutirões. Recentemente, uma nova delegada – Patrícia Abranches – foi incorporada à equipe. “Nós temos uma demanda grande de ocorrências e, devido o efetivo ser baixo, não conseguimos dar uma vazão a essa demanda. Então, procuramos priorizar os casos mais emergenciais. Por isso, temos inquéritos há mais de um ano e boletins de ocorrência que não conseguimos instaurar ainda”, disse a delegada Letícia Mobis.
A titular da DAM explica que o objetivo é deixar os cartórios em dia para enviar os documentos para o Poder Judiciário. Outra questão é que as mulheres, conforme a delegada, estão mais confiantes em procurar a delegacia para registrar denúncias de violência e, consequentemente, o número de ocorrências aumentou. “Temos muitas denúncias por meio do telefone 180 e também de terceiros que se deparam com a situação e procurar denunciar. Mas as mulheres estão mais corajosas hoje em dia”, concluiu.
Mudança para novo endereço
Além do acúmulo de inquéritos, a DAM sofre com a infraestrutura. O prédio da unidade é pequeno, se parece com uma garagem, e dificulta o atendimento à população. São pequenas salas com espaços divididos entre investigadores, escrivães, delegadas e papéis. Um imóvel localizado na rua Oscar Guimarães, no Centro de Três Lagoas, já foi alugado pela Secretaria de Segurança Pública (Sejusp) há pelo menos dois meses. Porém, não houve a transferência.
O delegado regional da Polícia Civil, Rogério Makert, informou à reportagem que a mudança ocorrerá neste mês. De acordo com ele, o local possui mais espaço e poderá auxiliar no atendimento às vítimas.