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Denúncias de pedofilia surpreendem moradores de Catanduva

O que chama a atenção da população são os vários carros de reportagem de jornais e emissoras de rádio e TV, do interior e da própria capital

Nas praças e ruas de Catanduva, no interior de São Paulo, as denúncias da existência de uma rede de pedofilia permeiam as discussões entre moradores, gerando sentimento de revolta em alguns, curiosidade em outros e indiferença em muitos que afirmam não ter conhecimento do fato.

O que chama a atenção da população são os vários carros de reportagem de jornais e emissoras de rádio e TV, do interior e da própria capital, que invadiram a cidade nas últimas semanas. Caminhando pelas ruas de Catanduva com câmeras e  gravadores, as equipes de repórteres e cinegrafistas foram abordadas várias vezes para responder perguntas como "De que emissora vocês são?" e "Vocês vieram para falar sobre o caso de pedofilia?".

Alguns moradores aproveitavam para fazer comentários sobre o caso, afirmando que há muitas pessoas influentes na cidade que fazem parte da rede de pedofilia. "Entre elas, até um padre!", disparou um deles, em um restaurante, enquanto a equipe de reportagem almoçava. Quando o grupo não era abordado, muitos olhos curiosos se moviam em direção à câmera.

Cidade localizada a 385 quilômetros da capital e com aproximadamente 120 mil habitantes, Catanduva agora aparece nos noticiários por causa de uma rede de pedofilia que pode ter envolvido mais de 40 crianças entre 5 e 12 anos de idade, a maior parte moradoras de bairros pobres.


Dois inquéritos policiais já foram abertos para apurar o crime. No primeiro deles, que virou ação penal, duas pessoas foram presas, entre elas um borracheiro conhecido como Zé da Pipa e o seu sobrinho, que foi solto. No segundo inquérito, as crianças passaram por uma sessão de reconhecimento, na semana passada, e identificaram quatro pessoas, entre elas dois menores de idade, que estão presos temporariamente.

Sentada num banco da praça, a moradora de Catanduva e técnica em enfermagem Cleonice Aparecida dos Santos comentou o caso. "Nossa cidade sempre foi pacata e tranquila. O que está acontecendo aqui é um horror", afirmou.

Já o aposentado Mauro Roca disse esperar que as pessoas que cometeram os crimes sejam punidas. "Catanduva é uma cidade pacata, ordeira. Nunca imaginei que pudesse acontecer essas coisas", disse.

A moradora do bairro Jardim Alpino Agmar Rodrigues, cuja casa fica a apenas um quarteirão da residência de uma família que teve três crianças vítimas de abusos sexuais, manifestou revolta. "Isso é uma coisa revoltante. Além de destruir uma família e das ameaças que eles sofrem, e a revolta que fica nessas crianças? Como fica isso? E para elas irem para a escola, onde são conhecidas?", disse.

"É muito triste uma coisa dessas porque eu também tenho netos pequenos. O que a gente não quer que aconteça com a gente, a gente não quer que aconteça com os filhos dos outros também", acrescentou.