A operação “Dark Money”, que investiga o desvio de R$ 23 milhões dos cofres públicos de Maracaju entre 2019 e 2020, agora apura se a maioria das empresas investigadas poderia ter sido vítima da organização criminosa.
Segundo informações do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), a possibilidade se deu porque títulos de crédito foram emitidos com falsificação da assinatura dos responsáveis, além de carimbo dos empreendimentos. Caso a hipótese seja confirmada, os investigados podem responder também por falsidade ideológica.
A secretaria de fazenda do município é apontada como fonte do desvio por meio de uma conta clandestina que teria sido criada com a justificativa de contabilizar a folha de pagamento, mas que não foi informada aos órgãos de controle.
Confirme já apurado, dos 627 cheques emitidos, 75 foram analisados e constam em nome de 15 empresas que não tiveram contratação formal com a prefeitura, ou seja, não se submeteram a qualquer procedimento licitatório. Também não há notas fiscais que justifiquem os pagamentos feitos para esses estabelecimentos.
Uma das empresas, que teve o funcionário preso preventivamente e suas contas pessoais e empresariais bloqueadas pela justiça, teria recebido R$ 876.149,08. Para outro estabelecimento, foram, supostamente, enviados R$ 354.429,00.
Foram ouvidas nessa terça-feira (28) e quarta-feira (29), 17 pessoas, entre elas oito servidores públicos que são testemunhas, ligados à Secretaria de Administração e Fazenda do Município e ao controle interno e nove funcionários e responsáveis das empresas que, supostamente, teriam recebido a verba.
Fases da operação
Deflagrada na última quarta-feira (22), a operação apura o envolvimento de funcionários públicos e outros no desvio de R$ 23 milhões de Maracaju. Ao todo, sete pessoas foram presas temporariamente na primeira fase, entre eles, o ex-prefeito do município, Maurílio Azambuja, o qual cumpre pena domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Também foram realizadas 26 buscas e apreensões de aparelhos eletrônicos, documentos, 10 veículos, barcos, joias e várias cédulas de cheque de valores diversos no valor total de R$109.000,00 e R$143.000,00 em espécie, além de armas de fogo e munições de vários calibres. Diversas contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas bloqueadas.
Na segunda fase da operação, iniciada no domingo (26), mais um investigado foi preso por possível envolvimento com a organização criminosa. Trata-se de um funcionário público comissionado à época, apontado como peça chave no esquema que ocorreu entre novembro de 2019 e 2020.
O mandado de prisão preventiva foi cumprido na área rural do Município de Maracaju, numa ação conjunta entre policiais civis do DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e da Delegacia de Polícia de Maracaju, tendo também sido apreendidos dois veículos que estavam em sua posse.