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Acidente Grave

‘Eu não bebi’, afirma motorista que atropelou criança de 3 anos

Menina foi arrastada por veículo, no bairro Vila Haro, e teve que amputar uma das pernas

Condutor está abalado e prefere não mostrar o rosto com receio de ser linchado por moradores. - Kelly Martins/JPNEWS
Condutor está abalado e prefere não mostrar o rosto com receio de ser linchado por moradores. - Kelly Martins/JPNEWS

Foi questão de segundo. A declaração foi feita pelo motorista Flávio Mendonça, de 23 anos, que trabalha como auxiliar de escritório e atropelou uma criança, de 3 anos, no bairro Vila Haro, em Três Lagoas. Com exclusividade, a equipe de reportagem do JPNEWS conversou com o condutor, que declarou estar abalado com o acidente e garantiu que não estava embriagado. 

“Eu não ingeri bebida alcoólica em nenhum momento até porque tinha a intenção de viajar para visitar um tio em Paranaíba”, disse Mendonça ao contestar o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar.

O acidente ocorreu por volta das 17h30 de domingo (4), na rua Irmãos Spinelli. A vítima chegou a ficar prensada entre o carro e o muro, sendo levada para o Hospital Auxiliadora. Pela gravidade do caso, foi transferida para a Santa Casa, em Campo Grande, onde passou por uma cirurgia e amputou a perna esquerda.

VERSÃO

O motorista contou que estava em um almoço, na casa da mãe da namorada dele e foi até o bairro levar a enteada, também de 3 anos. Quando trafegava pela rua, segundo Flávio, a criança teria atravessado correndo.

“Quando eu a vi, ela estava no meio da via e fiz uma manobra para esquerda achando que a menina ia voltar. Mas ela continuou e foi para o mesmo lado. Por ser uma rua sem asfalto, eu não consegui manobrar novamente e o carro derrapou”, contou. O condutor disse ainda que na ocasião, a criança brincava com outra na rua e não havia nenhum adulto no local.

Ele nega ter invadido a calçada da residência, conforme consta do boletim de ocorrência, e garante que não havia nenhum familiar ou adulto acompanhando as crianças. “Levou uns 15 segundos para aparecer alguém e socorrer a menina”.

Ao perceber que havia prensado a vítima, Flávio a pegou nos braços. Porém, de acordo com ele, o veículo travou sendo necessário até mesmo que saísse do automóvel pela janela. Uma tia da criança foi quem a levou para o hospital. Com receio de ser linchado pelos moradores, que se aglomeravam na rua, Flávio seguiu a pé com a enteada até a casa da namorada.

“A casa ficava a cinco quarteirões de onde ocorreu o acidente. Minha enteada chorava de susto e fui tentar acalmar ela. Também fiquei com muito medo de ser linchado pelas pessoas. Ao chegar à casa, pedi para que a minha namorada me levasse até a delegacia. Em nenhum momento tentei fugir ou omiti socorro”, afirmou.

Uma equipe da Força Tática da Polícia Militar  foi até o bairro, ocasião em que o condutor se recusou a fazer o teste de bafômetro. Ele diz que ficou com receio de ser atacado enquanto aguardada o resultado e dessa, forma, se negou a realizar. 

“Com isso, os policais registraram que eu apresentava olhos vermelhos, odor etílico, estava agressivo. Mas eu não tinha tomado nada. Eu estava completamente abalado, chorei e só me preocupava com o estado de saúde da criança”, explicou.

O motorista foi preso em flagrante por embriaguez e levado à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac). Pouco tempo depois, pagou fiança de R$ 1 mil e foi liberado. Fávio Mendonça pontuou que já tentou entrar em contato com os familiares da vítima e que vai dar toda a assistência necessária. O caso é acompanhado por uma advogada.

“Estou me sentindo horrível. É algo que pode ocorrer com qualquer um e não consigo parar de pensar nela [vítima]”, finalizou. O motorista está há três anos em Três Lagoas e anteriormente morava em São Paulo (SP). Ele vai responder pelo crime de conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

ESTADO DE SAÚDE

Melina de Oliveira está internada na Santa Casa e o quadro de saúde, conforme os médicos, é considerado grave. Os pais da criança estão na unidade médica e acompanham a recuperação da filha.