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Alarmante

Mais de 112 mulheres são agredidas por mês em Três Lagoas

A maioria dos casos é motivada pelo fim do relacionamento ou quando a mulher consegue independência financeira

Depois de ficar casada por 11 anos, ter três filhos, a vendedora Laís de Freitas carrega, agora, marcas no corpo e na alma. Ela foi agredida por diversas vezes pelo marido e se recusou a continuar nessa situação. A mulher, que preferiu usar um nome fictício, procurou a DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) e registrou a ocorrência de violência doméstica. Ela entrou para a estatística da polícia, que registrou somente no ano passado, 1.345 casos de agressão contra mulheres, em Três Lagoas. "Ele nunca foi agressivo. Mas de uns anos para cá, além de me agredir, começou a ser agressivo com os próprios filhos e eu sempre ficava com medo de deixá-los sozinho em casa. Aí vim procurar a polícia”, contou a vítima. Ela também pediu medida protetiva.

O número representa que, ao menos, 112 mulheres foram agredidas por mês na cidade, entre janeiro e dezembro. Segundo a própria polícia, na maioria dos casos, o agressor é o namorado, marido, companheiro ou um ex. Além disso, os registros revelam que a agressão é motivada pelo fim do relacionamento ou quando a mulher consegue ter independência financeira. Porém, só a metade dos boletins de ocorrência vira peça judicial, com pedido de proteção.

A quantidade de casos de mulheres agredidas aumenta a cada ano. Se comparada a 2018, por exemplo, as ocorrências cresceram 11,5%. O dado é alarmante, conforme observa a delegada Letícia Mobis, titular da DAM. Em outro aspecto, ela também cita que o alto índice é resultado de conscientização por parte das vítimas. “Realmente temos um grande número de boletins, mas não achamos ruim. Sabemos que, na verdade, o número de mulheres que sofrem violência é muita maior em relação às vítimas que registram. Então de certa maneira é positivo porque as mulheres estão tendo coragem de nos procurar e denunciar essa violência”, disse a delegada. 

As mulheres haitianas também passaram a fazer parte desse cenário. Três Lagoas tem mais de mil haitianos e a delegada destaca que muitas vítimas estão procurando a DAM para denunciar. A cidade foi a que mais recebeu famílias haitianas em Mato Grosso do Sul. 

MEDIDA PROTETIVA

O que é e como pedir: 

Ferramenta prevista em lei para proteger mulheres vítimas de violência doméstica e familiar em todo o país, usando como base a Lei Maria da Penha. Veja como utilizar o dispositivo:

– Após ser agredida, a vítima deve procurar a delegacia da Polícia Civil e registrar boletim de ocorrência

– Preencher formulário que será remetido pela polícia ao Poder Judiciário

– Em 48 horas o juiz (a) defere o pedido e o oficial de Justiça vai até a vítima. Por isso é importante o endereço estar atualizado.

– Com a determinação judicial, o agressor pode ser impedido de se aproximar da vítima e até de permanecer no mesmo local que ela, como casa, trabalho, etc.