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Estatística

Mais de 1,2 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica em Três Lagoas

Maioria dos casos é motivada pelo fim do relacionamento e quando a mulher consegue independência financeira

Ao menos 228 homens foram presos por violência doméstica em 2020 - Arquivo/JPNEWS
Ao menos 228 homens foram presos por violência doméstica em 2020 - Arquivo/JPNEWS

A violência doméstica pode começar com uma agressão verbal, evoluir para tortura psicológica, abusos e chegar à agressão física. Muitas mulheres vivem situações como essas dentro da própria casa e é preciso coragem para dar um basta. Foi o que a dona de casa Marilene Marques fez após ser agredida pelo marido por pelo menos 10 anos. Ela registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), em Três Lagoas, e o agressor foi preso por violência doméstica. “Muitas vezes ele pegava um pedaço de pau e saia correndo atrás de mim. Ele falava que ia matar também a minha filha. Eu tinha medo de ir até a delegacia registrar alguma coisa contra ele. Isso durou dez anos e teve um dia que ele correu atrás de mim com um pedaço de pau e uma faca. Foi quando eu decidi ir até à delegacia e me separei dele”, relatou a vítima. Marilene entrou para a estatística da Polícia Civil, que registrou 1.287 casos de agressão contra mulheres, somente em 2020, em Três Lagoas. 

ÍNDICE
O dado aponta que, em média, 107 mulheres foram agredidas por mês na cidade, entre os meses de janeiro e dezembro. Além disso, foram registrados dois feminicídios e ,pelo menos, cinco tentativas. A cidade é a terceira de Mato Grosso do Sul com mais casos de violência contra  a mulher. Perde para Campo Grande e Dourados. 
Segundo a própria polícia, na maioria dos casos, o agressor é o namorado, marido, companheiro ou um ex. Além disso, os registros revelam que a agressão é motivada pelo fim do relacionamento ou quando a mulher consegue ter independência financeira. 

PRISÃO
Os boletins de ocorrências também resultaram no aumento de prisões em flagrante. A Polícia Militar prendeu 228 homens pelo crime de violência doméstica, no município. No comparativo com o volume de denúncias, a quantidade de prisões é baixa. Porém, é o maior número de agressores presos dos últimos três anos. “As mulheres estão tendo coragem de nos procurar e denunciar essa violência. As denúncias aumentaram. Sabemos que o número de mulheres que são agredidas é muito maior e nem todas tem coragem de registrar queixa. Os dados realmente são alarmantes na região e é necessário que as vítimas denunciem cada vez mais”, disse a delegada Letícia Mobis, titular da DAM. 

APOIO E SOCORRO
Além das delegacias, mulheres atacadas também podem denunciar agressores pelo programa Disk 180, criado para receber e encaminhar os casos para a polícia. Também podem requerer medida protetiva contra o agressor junto ao Poder Judiciário. Um programa do 2º Batalhão da Polícia Militar oferece segurança às vítimas. O Promuse já atendeu mais de 400 mulheres no ano passado e monitora tanto a vítima como o agressor. Quem precisa de acompanhamento psicológico gratuito pode ainda procurar o Centro de Referencia às Vítimas de Violência Doméstica (Cram).

Confira abaixo reportagem especial sobre mulheres agredidas: