Um adolescente de 15 anos que ficou conhecido como o “Menino da Praça da Paz”, por ter residido por muito tempo no local, foi aprendido pela Força Tática da Polícia Militar na noite de quinta-feira (26) e encaminhado para a Unei (Unidade Educacional de Internação) de Três Lagoas (MS) na manhã de sexta-feira (4).
A decisão da internação foi pedida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul e acatada pelo judiciário de Paranaíba. Ele foi conduzido para a Três Lagoas por uma equipe da Polícia Militar e não há prazo para o fim do tratamento.
De acordo com o tenente Davi Nascimento, a medida garante tranquilidade à população e segurança, além de possibilidade de evolução a ele. “Ele é autor de reiterados atos infracionais. As medidas socioeducativas menos gravosas não surtiram efeito, assim o Ministério Público acertou por representar pela sua internação, bem como o judiciário por acatar e determinar a internação em uma Unidade Educacional de Internação”, explica ele.
O caso
Um adolescente de 14 anos de idade tem preocupado moradores das imediações da Praça da Paz, no Centro de Paranaíba. Usuário de drogas, ele saiu de casa após desentendimentos com o padrasto justamente por conta do vício. Os vizinhos não reclamam que o garoto incomode, porém temem que o tráfico de drogas aumente na região.
Procurado pela reportagem o menor foi agressivo e pediu para não ser incomodado e recusou ajuda. "Se vocês não saírem eu vou bater em todo mundo", disse ele, enquanto ainda estava deitado no chão da Praça, com apenas um travesseiro e uma coberta que o cobria dos pés até a sua cabeça.
Já sua mãe, uma mulher de 29 anos, dona de casa, que mora há duas quadras da praça onde o filho está, quando foi procurada para falar da situação do garoto fez um apelo para que as autoridades posam ajudá-la com a internação do seu filho, que segundo ela é usuário de drogas há pelo menos dois anos e desde que saiu de casa tem se envolvido com o traficantes.
Ela conta que leva comida para o filho pelo menos duas vezes por dia, e que nesta semana tem tentado levá-lo ao médico, pois está com febre e início de pneumonia, mas o garoto não aceita ajuda.
“Ele não quer mais voltar, quer ser independente. Eu já mexi com tudo que podia para poder internar, mas tive informação que o dinheiro foi bloqueado. Eu preciso de ajuda nessa situação”, contou referindo-se a uma ação do Ministério Público para interná-lo em clínica de recuperação para usuários de drogas.
A mãe ainda relata que o menino teve duas overdoses desde que saiu de casa, e por mais que a converse, ele não aceita ajuda para se livrar do vício. “Quando ele soube que que queria interná-lo ele ficou muito agressivo, aí que ele não quer voltar mesmo e os traficantes estão rondando ele, tem gente querendo matar meu filho”, disse.
Desde que soube que o filho era usuário de drogas, a dona-de-casa tenta uma internação em uma clínica de recuperação, e não consegue, o que a deixa mais apreensiva."Se eu tivesse dinheiro meu filho já estaria internado, mas não tenho condições", disse.
“Todo dia eu vou lá, levo almoço e janta, mas ele fala para eu não estorvar a vida dele, que é para deixar ele quieto na casa dele. Agora uma criança morar numa praça, daquele jeito”, desabafa a mãe se referindo às condições em que o filho tem vivido.
A última ação da mãe foi procurar o Ministério Público para conseguir uma vaga para o filho em um clínica, ela até chegou conseguir a internação em uma clínica em Minas Gerais, mas quando ele iria ser levado foi informada que o dinheiro foi bloqueado pelo Estado.
“Muitas pessoas tentaram me ajudar, mas como ele é menor e não quer, não tem muito o que fazer. Já procurei Creas, Cras, Assistência Social, Ministério Público, Defensoria Pública, e não tenho mais onde ir, é sentar e aguardar”, falou.
A mulher, sem alternativas, disse que tem pensado em ir morar com o filho até que seja encontrada uma solução, pois não consegue mais se alimentar direito além da preocupação de ter o filho nas ruas. “Minha situação é difícil pois tenho meus outros filhos, minha mãe é acamada e mora comigo, meu marido está desempregado e tenho medo destes traficantes virem até minha casa e é tudo gente da pesada que tem procurado ele. Dá medo às vezes”, relata.
Como mãe, ela conta que não se amedronta em se aproximar do filho, mas, teme pelo que pode acontecer com ele. Para o filho a mãe pede apenas que ele volte para casa. “Tudo que eu puder ajudar eu vou fazer. Eu não desisto dele, os outros me desanimam, mas eu vou até o final. Tenho fé em Deus que eu vou conseguir tirar meu filho das drogas. Deus me dá força para conseguir, de qualquer jeito eu vou conseguir”, finalizou.