As três celas do pavilhão I da Penitenciária de Segurança Média, em Três Lagoas, permanecem interditadas por conta da tentativa de fuga em massa, descoberta na sexta-feira passada (2).
De acordo com o diretor da unidade, Sílvio Rodrigues, aproximadamente 36 internos – 12 presos por cela – tiveram de ser redistribuídos em outras celas do mesmo pavilhão.
A medida piorou ainda mais a questão da lotação na penitenciária. Até o começo desta semana, a unidade penal abrigava 523 presos, mais que o dobro da capacidade do local – que é para 242 internos. No entanto, a população carcerária aumentou ainda mais nesta quarta-feira (7) com a transferência de 19 presos que permaneciam na carceragem da 1ª Delegacia de Polícia. A medida foi realizada a pedido da Polícia Civil, que também sofre com o problema de superlotação. Antes da transferência, a delegacia era responsável por 25 internos distribuídos apenas em três celas projetadas para prisões temporárias e autuações em flagrante.
Além disso, o efetivo da Penitenciária de Segurança Média está defasado em mais de 50%. O número exato de agentes por plantão não foi divulgado pela direção por motivos de segurança, mas Rodrigues admite que a defasagem aumenta o clima de tensão também entre os agentes. “Os presos estão tranquilos, mas a preocupação é intensa, a tensão permanece sempre”, disse.
DESCASO
Entretanto, os problemas da unidade penal não param por ai. Se não bastasse a superlotação e tentativa de fuga, cuja reforma das celas está prevista ainda para esta semana, a direção também precisa lidar com os estragos feitos pelos presos numa rebelião realizada no último dia 1º. O quebra-quebra atingiu principalmente o setor administrativo da unidade penal, que ainda contabiliza os danos.
De acordo com um levantamento preliminar da direção, o saldo da rebelião foi mais que negativo: um computador completo e diversos assessórios de computadores (teclados, monitores, impressoras, etc) quebrados. Além disso, mesas, cadeiras, todas as portas do setor, vidros de janelas e 50 cadeados foram destruídos pelos rebelados. Os internos também quebraram os monitores do aparelho de Raio – X da unidade penal – que já não era usado por problemas técnicos e aguardava reparos há um bom tempo.
A direção do presídio aguarda a visita de representantes da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) para a vistoria técnica sobre os danos e, assim, realização dos reparos necessários. No entanto, os exemplos de agilidade não são dos melhores. Desde a grande rebelião realizada no Dia das Mães de 2005, nenhum prego foi colocado na unidade penal em Três Lagoas. Informações extra-oficiais apontam que nem mesmo as solicitações para melhoria da segurança do presídio, como a troca das travas das celas, foram atendidas.
A última rebelião aconteceu na tarde do primeiro dia do ano e só foi controlada com a chegada da Polícia Militar. Quatro agentes foram feitos reféns. Um deles foi agredido gravemente pelos internos, mas já passa bem. Conforme um levantamento realizado, a rebelião seria uma tentativa de fuga em massa, controlada a tiros pelos policiais militares.
O diretor informou que os quatro agentes penitenciários passam bem e já foram encaminhados a Campo Grande para receberem avaliação e apoio psicológico, realizado por profissionais da Agepen.