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PF do Mato Grosso indicia dois integrantes do PSDB por crime eleitoral

A mesma investigação resultou no indiciamento do "comendador" João Arcanjo Ribeiro por crime contra o sistema financeiro

A Polícia Federal de Mato Grosso indiciou dois integrantes do diretório regional do PSDB por crime eleitoral na campanha do candidato do partido ao senado em 2002, o ex-governador Dante de Oliveira –morto em 2006. A mesma investigação resultou no indiciamento do "comendador" João Arcanjo Ribeiro por crime contra o sistema financeiro.

Os tucanos indiciados foram o presidente do comitê financeiro estadual do PSDB à ocasião, Paulo Ronan Ferraz Santos, e o tesoureiro da campanha de Dante, Lourival Ribeiro Filho. Segundo o despacho assinado pelo delegado Carlos Eduardo Fistarol, eles participaram de uma "estratégia de financiamento" que resultou "em caixa dois eleitoral".

Segundo a PF, o comitê tucano confirmou ter adiantado um total de R$ 222.088,67 para a campanha por meio da troca de cheques pré-datados na Vip Factoring Ltda., uma das empresas de Arcanjo, apontado como o chefe do crime organizado em Mato Grosso e que hoje cumpre pena na penitenciária federal de Campo Grande.

"As operações realizadas entre o comitê do PSDB e a Vip Factoring eram da natureza de compra de recebíveis, que são exclusivas das instituições financeiras", diz o despacho.

Consultado, o Banco Central informou que a empresa não tinha autorização para operar como instituição financeira. "Além disso, partidos políticos não exercem comercialização na condição de empresários, […] outro óbice à regularidade das operações efetuadas."

Se estivesse vivo, diz a PF, Dante de Oliveira também seria indiciado por ter sido beneficiado pela operação.

O juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, recebeu o despacho e o encaminhou ao Ministério Público Federal.

"Absurdo", diz indiciado

Paulo Ronan Ferraz Santos chamou a investigação de "absurda" e disse que a operação realizada era "regular". "Quem trocou os cheques foi o comitê financeiro, que é uma pessoa jurídica distinta do partido. O comitê pode fazer operações como aquela, o partido não", disse.

Segundo ele, os valores adiantados na factoring diziam respeito a cheques pré-datados recebidos de vários apoiadores da campanha como pagamento pela participação em uma palestra. "Arrecadamos R$ 750 mil no evento, dos quais R$ 240 mil em cheques pré-datados. Fizemos uma pesquisa de mercado e procuramos a que ofereceu a melhor taxa. Eu nem sabia quem era o dono."