Um levantamento da Polícia Federal identificou pelo menos 17 cidades de fronteira usadas como ponto de entrada de armas ilegais no Brasil. Entre as cidades usadas pelos traficantes de armas, seis estão na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai (Bela Vista, Ponta Porã, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas e Mundo Novo).
Armas vindas do Paraguai também entram em território brasileiro por duas cidades paranaenses: Foz do Iguaçu e Guaíra. Segundo o chefe da Divisão de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas da Polícia Federal, Vantuil Cordeiro, a entrada de armas pelo Paraguai é um problema histórico, já que aquele país vem sendo, há anos, usado como rota por contrabandistas.
Já as armas vindas da Bolívia entram por pelo menos cinco cidades em quatro estados: Corumbá (em Mato Grosso do Sul), Cáceres (no Mato Grosso), Guajará-Mirim (em Rondônia) e Brasiléia e Plácido de Castro (no Acre).
O Rio Grande do Sul também figura como ponto de entrada de armas, por meio da fronteira argentina, pela cidade de Uruguaiana, e da fronteira uruguaia, pelas cidades de Quaraí e Santana do Livramento. Na Amazônia, a cidade de Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, é outro ponto usado por traficantes de armas.
De acordo com Vantuil Cordeiro, o principal desafio enfrentado pela Polícia Federal é a grande extensão da fronteira terrestre brasileira, com mais 16.800 quilômetros. "O ingresso de armas não ocorre necessariamente por estradas pavimentadas. Elas podem ingressar em território nacional também por pequenas estradas, por estradas vicinais", afirmou.
O delegado explicou que, diante da impossibilidade de vigiar toda a faixa de fronteira, a Polícia Federal vem investindo no trabalho de inteligência e em ações conjuntas com os países vizinhos, para evitar a entrada dessas armas no Brasil.
"Nosso caminho é trabalhar junto à população, para que ela passe informação à polícia. E trabalhar com inteligência, buscando identificar esses grupos criminosos e as pessoas que se dedicam a isso, para diminuir o ingresso de armas por esse caminho. Isso com o apoio das autoridades desses países, como o Paraguai e a Bolívia, que vêm contribuindo para que isso ocorra."
Além das 17 cidades de fronteira, o levantamento da Polícia Federal identificou os portos de Santos, em São Paulo, de Sepetiba, no Rio de Janeiro, e de Paranaguá, no Paraná, como pontos vulneráveis para a entrada de armas.
Apesar de não constar especificamente nesse levantamento, o Lago de Itaipu, localizado entre as cidades de Foz do Iguaçu e Guaíra, no Paraná, vem sendo usado cada vez mais como rota por traficantes e contrabandistas, segundo informações da própria Polícia Federal.