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Rebelião e tentativa de fuga na Penitenciária

Cinco agentes penitenciários foram feitos reféns na "tomada" do presídio; um deles foi agredido

O objetivo dos internos era interligar quatro celas por meio de buracos nas paredes -
O objetivo dos internos era interligar quatro celas por meio de buracos nas paredes -

O ano novo foi marcado por tumulto, tentativa de fuga e tensão na Penitenciária de Segurança Média. No primeiro dia do ano de 2009, às 14 horas, cerca de 30 policiais militares tiveram que cercar a unidade penal para conter uma rebelião. De acordo com o subcomandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, major Wilson Monari, o motim teria iniciado no pavilhão quatro e se estendido a todos os blocos da unidade logo em seguida.
Todos os cadeados foram estourados. Quatro agentes penitenciários foram feitos reféns durante a tomada do presídio, sendo um deles foi gravemente agredido pelos presos. “Ele (agente) teve de ser encaminhado ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora para receber atendimento médico. O restante foi liberado ileso assim que a situação acalmou”, disse o oficial, que completou dizendo que o agente agredido passa bem.
Os presos – que hoje atingem a casa de 523 – tiveram de ser contidos a tiros pelos militares que faziam a segurança externa da unidade. “Eles só não ultrapassaram o portão principal porque os policiais, da muralha, conseguiram conter o avanço com disparos”, completou.
De acordo com o subcomandante, os danos em conseqüência do motim não foram contabilizados, mas também não foram poucos.  “Não sabemos ainda a proporção da destruição gerada pela rebelião, mas boa parte do setor administrativo da unidade, incluindo a sala da direção do presídio, foi danificada”, continuou Monari.
A PM desconhece o motivo da rebelião. Monari explicou também que não chegou ao conhecimento da corporação que a rebelião teria sido a mando de internos da penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande. “Os presos fizeram algumas reivindicações, quase todas relacionadas ao regime Semi-Aberto”, completou.
A situação foi controlada depois que os policiais militares invadiram a penitenciária. “Não foi necessário um confronto. Quando a PM entrou na penitenciária, os presos já estavam mais tranquilos. Assim que viram os militares, eles próprios foram retornando às suas celas. O trabalho maior foi para conseguir novos cadeados”, disse. Quase todos os cadeados das celas tiveram de ser trocados às pressas para manter a segurança. O oficial não soube informar o tempo exato de duração do motim, mas garantiu que foi uma ação rápida.
Com o auxílio da direção da Penitenciária, a PM conseguiu identificar quatro acusados de ter agredido o agente. Três deles seriam do pavilhão 4 e um, do primeiro pavilhão. Os quatro foram transferidos para a Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande.

FUGA

Mas o fim da rebelião não significou o fim da presença do reforço na segurança da Unidade Penal. No início da tarde do dia seguinte ao motim, sexta-feira (2), o efetivo militar teve de retornar à penitenciária. Desta vez, para conter uma possível fuga em massa. “Naquele dia recebemos a informação de que alguns presos se preparavam para fugir. Entramos em contato com a direção do presídio e organizamos a operação. A suspeita se concretizou”. A fuga seria no pavilhão um. A intenção dos internos, conforme o subcomandante, seria interligar quatro celas por meio de buracos nas paredes para que todos tivessem acesso ao túnel, em fase inicial de escavação. O buraco, por onde os presos estavam intencionados a passar, daria para a parte externa da unidade penal – entre o presídio e o portão principal. Apenas duas celas estavam totalmente interligadas, com o buraco na parede completo. O restante ainda estava em fase de escavação.
“A situação foi controlada tranquilamente. As celas foram interditadas. Os presos transferidos para outras e os supostos responsáveis – um por cela – encaminhados para a “cela forte” (disciplinar) da unidade penal”, completou Monari. Os quatro ainda deverão responder pelo crime de dano ao patrimônio público.  O oficial acredita que cada cela abrigava cerca de dez internos.