Após o resultado das eleições para presidência da República no último domingo (30), uma série de manifestações e protestos vem ocorrendo por parte de eleitores pró-Bolsonaro que não aceitaram o desfecho político das urnas. Em Campo Grande, um grupo teria compartilhado no Whatsapp, uma lista de boicote com 22 estabelecimentos comerciais da cidade onde os donos estão sendo considerados “de esquerda”, induzindo os consumidores a não comprarem nesses locais.
Na relação estão elencadas, lojas de roupas infantis, cosméticos, semi joias, padaria, pet shop, lava jato, restaurantes, papelaria e até uma rede de postos de gasolina. Segundo Adelaido Vila, presidente da Câmara dos Lojistas de Campo Grande (CDL-CG), esse tipo de compartilhamento é crime.
“Pela manhã, nos chegaram informações de algumas empresas que estariam sendo colocadas numa lista de boicote, por elas terem tido um olhar para candidato A ou candidato B, após a polarização das eleições presidenciais. Lamentavelmente, um fato como esse vem prejudicando uma série de empresas em Campo Grande e nós voltamos a reiterar que isso é uma ‘fake News’ e crime”, reitera.
A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG-MS) divulgou uma nota sobre o ocorrido. “A entidade não tem conhecimento da origem dessa listagem, mas considera que a atitude gera prejuízo ao setor empresarial e repudia esse tipo de retaliação ou qualquer outra forma de boicote motivado por questões políticas”, finaliza o documento.
Em contato com comerciantes citados nas postagens, a Rádio CBN Campo Grande recebeu a informação de que alguns estabelecimentos irão acionar a Justiça. Nas redes sociais, uma das empresas que vem sofrendo com o boicote virtual publicou um alerta sobre o compartilhamento desse tipo de fake News.
“Cuidado com o que vocês compartilham, com a notícia sem ter certeza se ela é verdadeira. Compartilhar fake News é crime perante a justiça. Quando você não tem base, quando você não sabe o que está postando e divulga conteúdo falso é crime. E aí, entram outros tipos de processo também, como danos morais e emocionais”, relatou a proprietária em um stories no Instagram.
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado também se pronunciou por meio da presidente da entidade. Inês Santiago orientou os comerciantes à procurarem o Ministério Público Estadual para denunciar os casos. "Estamos oficiando o Ministério Público Eleitoral também. Mas cada um de se sentir lesado, não deixe de fazer a denúncia […] para que os responsáveis possam ser rigorosamente punidos", recomendou.