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100 Dias

Adriane abre diálogo e apazigua maior ponto de tensão na Câmara de Vereadores

Principal opositor da prefeitura afirma que dará três meses para que trabalho da nova prefeita seja desenvolvido

Como comumente acontece com os chefes de Executivo recém empossados, Adriane Lopes (Patri) ganhou 100 dias de "trégua" da oposição na Câmara Municipal de Campo Grande, apesar de dizer que vai dar continuidade ao trabalho que já era feito pelo antecessor Marquinhos Trad (PSD), que renunciou ao cargo de prefeito de Campo Grande há uma semana e meia.

Porém, a missão de Adriane não é tão simples assim. Com uma semana à frente da prefeitura campo-grandense, ela já tem como desafio manter a base de apoio formada por Trad no legislativo. Em foto postada em sua rede social, Adriane posa com com 18 vereadores.

O quantitativo suficiente para aprovar projetos na Casa de Leis municipal é de 20 nomes – aos quais Marquinhos tinha -, mas estima-se que o número seguro é de 22 nomes para evitar contratempos, como faltas e até mudanças repentinas de lado no parlamento.

Na imagem de Adriane ao lado de vereadores, um nome em especial chama a atenção: é o de Marcos Tabosa, do PDT. Ele foi um ferrenho opositor de Marquinhos Trad nesses dois anos e três meses de segundo mandato do ex-prefeito, tendo inclusive apoio claro do principal nome de seu partido até semana passada, o deputado federal Dagoberto Nogueira.

Recentemente, durante sessão, o Tabosa revelou que as rotineiras críticas, em tom áspero, serão substituídas durante 100 dias – ou seja, praticamente três meses e uma semana – por uma atuação mais pautada na paciência e apoio ao que ele considera uma nova gestão.

RELAÇÕES CORTADAS

Outrora, Dagoberto já havia deixado claro desentendimentos com Marquinhos, afirmando que fez diversas destinações de emendas para a cidade e tratos feitos com o ex-prefeito acabaram não sendo cumpridos. Tabosa, em várias sessões, reafirmou tais situações.

"Ele não cumpre o que fala. Nas reuniões com os vereadores, ele sempre acha uma desculpa para não atender aos pedidos dizendo que a prefeitura está sem dinheiro. Então não tem como apoiar um cidadão desse. Estamos aqui para trabalhar pelo povo", frisou Tabosa no início dos trabalhos do legislativo campo-grandense deste ano – o evento ocorreu em fevereiro.

Otávio Trad, sobrinho e também colega de partido de Marquinhos, sempre foi defensor do tio na tribuna diante dos ataques de Tabosa, contrapondo com longos discursos as acusações feitas pelo opositor. Em dado momento, ele revidou dizendo que as críticas tinha cunho pessoal.

FOTOS QUE SINALIZAM

Contudo, desde a renúncia de Marquinhos e posse de Adriane, a relação entre PDT e prefeitura de Campo Grande parece ter se restabelecido. Mesmo que Dagoberto tenha saído da legenda e ido para o PSDB, ele mantém influência no partido – ao qual pode voltar após as eleições.

Um sinal que demonstra clara reaproximação foi dado nas vésperas da posse, em evento de inauguração do Bioparque Pantanal, onde o líder do Patriota, deputado estadual Lídio Lopes, também marido de Adriane, foi procurado por assessores de Nogueira, de forma simpática.

Já na noite de ontem (11), Adriane postou também em sua rede social imagem em que recebe o vereador Zé da Farmácia (Podemos) em seu gabinete ao lado de, justamente, Dagoberto, evidenciando ainda mais a aproximação do grupo político a ela.

Além disso, recentemente Marcos Tabosa foi recebido por Adriane como presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais), posição que continua exercendo mesmo sendo vereador. Ele apresentou ao lado de colegas sindicalistas as demandas que tentava, há dois anos e três meses, apresentar para o então prefeito Marquinhos, mas nunca foi recebido.