Com estocadas na direção do PSDB e do Banco Central, a corrente petista Mensagem ao Partido – comandada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro – divulgará hoje um manifesto no qual define a provável candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como "solução adequada" para 2010. O grupo, que fará seu primeiro encontro nacional no Rio, quer transformar a eleição num plebiscito sobre "os rumos do Brasil", mas diz que antes disso é preciso pôr "fim à autonomia operacional do BC" para garantir o crescimento.
Dilma será a convidada de honra do encontro, que defenderá "maior presença do Estado no setor financeiro", controle do câmbio e da entrada e saída de capital estrangeiro. Na prática, além de debater a crise e a plataforma para a eleição da cúpula do PT, em novembro, o grupo de Tarso quer passar a borracha nas rusgas e deixar claro o apoio a Dilma. Em 2008, o ministro causou mal-estar no Planalto ao dizer que a escolhida pelo presidente Lula como herdeira, cristã-nova no PT, não tinha "vínculo" com o partido.
"De nossa parte, consideramos a companheira Dilma Rousseff, pelo seu papel no governo, no qual demonstra sua capacidade de governar – e com a garantia de sua trajetória de vida e de luta -, uma solução adequada para a nova vitória em 2010 e para a continuidade e aprofundamento das medidas essenciais que marcam a presidência de Lula", destaca o texto intitulado "Uma nova mensagem para uma nova conjuntura".
"Eu nunca fiz depoimento crítico sobre Dilma, mas, sim uma constatação", disse Tarso. Defensor da "refundação" do PT na época do escândalo do mensalão, em 2005, ele queria concorrer à Presidência, mas, após ser preterido, mudou de plano e hoje pretende brigar pelo governo gaúcho. "O fato de Dilma não ser antiga no PT não é demérito. Já tivemos muitos antigos que saíram, outros foram para a direita e outros para casa", emendou Tarso, alfinetando o ex-ministro José Dirceu, cassado pela Câmara.
No manifesto da ala que disputa o poder com o antigo Campo Majoritário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dirceu, os discípulos de Tarso atacam a "fúria privatizante" dos tucanos e afirmam que o PSDB pode apresentar um "programa ambíguo" para 2010.