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Aliança entre Riedel e Bolsonaro causa desconforto em parceiros e até no PSDB

A avaliação é que outros presidenciáveis também devem ser recebidos no palanque tucano até outubro

A oficialização da parceria entre o grupo bolsonarista de Mato Grosso do Sul, encabeçado pela ex-ministra e pré-candidata a senadora Tereza Cristina, e os governistas que tem Eduardo Riedel como nome colocado à sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB), já era algo tido como certa. Porém, uma novidade ontem (18) trouxe desconforto em alguns aliados.

Informação publicada pelo Correio do Estado e confirmada pela reportagem da CBN Campo Grande com o próprio Eduardo Riedel – ele disse estar "fechado com Bolsonaro" em um palanque único, sem outros candidatos à presidência – pegou de surpresa esses aliados alinhados com outros nomes para a disputa presidencial, e até nomes de dentro do ninho tucano.

"Essa é a uma discussão que preciso levantar logo, logo", respondeu membro importante do partido de maior amplitude em Mato Grosso do Sul atualmente ao ser questionado pela reportagem, durante evento de entrega de equipamentos na Cepaer, sobre o posicionamento de sua sigla e se ele toparia subir no mesmo palanque de Jair Bolsonaro (PL) no Estado. 

A aliança com os bolsonaristas foi uma tônica grande nos fechamentos pré-eleitorais já feitos, contudo, a promessa de um palanque duplo ou até triplo, recebendo vários presidenciáveis, fez com que várias vertentes políticas abraçassem o guarda-chuva político construído pelos tucanos – em especial pelo secretário especial Sérgio de Paula.

"Do que nós combinamos, ele tem que subir no palanque de todos que fazem parte dessa união em torno do nome dele", comenta o deputado federal Dagoberto Nogueira, nome historicamente ligado ao PDT, mas que migrou para o PSDB na janela partidária em busca da reeleição.

Dagoberto completa a fala afirmando que "se o Ciro [Gomes, PDT] vier, então logicamente vai ter que dar palanque para o Ciro. Se Bolsonaro vier, ele vai dar, e assim como se o PT ficar com ele, e acredito que pode ficar, e o Lula vier, ele vai ter que subir também".

O deputado ainda argumenta que essa combinação de palanques, revelando um hipotético e insólito cenário que indiretamente une Lula e Bolsonaro, pode trazer benefícios a Riedel. "Isso só tem uma grande vantagem para ele. São muitos palanques, muitos presidenciáveis com o Riedel pois são muitos os partidos junto com ele", frisa Nogueira.

MAIS CONSEQUÊNCIAS

Fora desses espectros pedetista e tucano, há ainda uma provável parceria entre PSB e PSDB que fica em xeque com a aproximação íntima de Riedel e Bolsonaro. Hoje existe uma predileção de Ricardo Ayache – presidente regional dos socialistas – em acompanhar o governista por seus laços criados através da Cassems, entidade a qual também preside.

Contudo, existe uma orientação do diretório nacional da sigla para que sejam evitadas as alianças com candidatos ou partidos declaradamente apoiadores de Bolsonaro. Por ora, a medida interna tem apenas caráter de orientação, mas pode se tornar uma resolução em breve, sendo assim um processo obrigatório a ser seguido em todos os estados.

O PSB é o partido que recém passou a abrigar o ex-tucano e ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que por muito tempo foi um crítico do lulopetismo, mas agora sai como vice de Lula para encabeçar uma frente contrária ao bolsonarismo no país.

Dentro do PSB local existe uma rejeição grande ao nome de Bolsonaro e amplo apoio a Lula, inclusive, com uma parte dos filiados incentivando Ayache a aceitar o convite petista para encabeçar a frente de esquerda no Estado, ao lado do PT, na disputa pela principal cadeira da governadoria e também fazendo o palanque de Lula em Mato Grosso do Sul.