Após encampar uma batalha com a prefeitura de Campo Grande para conseguir mais incentivos fiscais e reajustar o preço da passagem, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, se afastou do cargo. Porém, o motivo não foi nenhum desacordo interno ou descanso: ele pretende voos maiores e vai entrar na disputa eleitoral deste ano.
Rezende, nome forte do transporte coletivo da Capital e porta-voz na cidade de um agrupamento de empresas com atuação em vários municípios brasileiros, se licenciou do comando do consórcio para concorrer ao cargo de deputado federal pelo Partido Progressista.
O PP, hoje comandado pela ex-ministra Tereza Cristina, é aliado do tucano Eduardo Riedel, nome governista para a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Coincidentemente, Riedel é o pré-candidato com maior tensão com o ex-prefeito campo-grandense Marquinhos Trad (PSD), tido como um de seus principais opositores nas urnas em outubro.
"Eu resolvi me afastar para me candidatar. Quero ser deputado federal e vou concorrer a esse cargo. O motivo de querer isso é a crise causada pela pandemia de covid-19 no setor do transporte. Passamos por um momento difícil e precisamos de representação. Tem outro motivos junto, mas esse é um deles", confirmou a reportagem João Rezende.
No embate com a prefeitura, Rezende queria que o valor da tarifa ficasse em R$ 5,50, conforme o valor técnico apurado pela própria Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos). Além disso, foi exigido subsídio para gratuidades, como a dos estudantes.
Assim, Rezende conseguiu para o Consórcio Guaicurus – formado pelas viações Jaguar, São Francisco, Cidade Morena e Campo Grande – uma isenção de R$ 7 milhões em ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) na casa dos R$ 7 milhões apenas em 2023.
O valor deve subir para R$ 7,8 milhões em 2024 e para R$ 8,5 milhões em 2025, conforme a projeção orçamentária da prefeitura. Além disso, as gratuidades foram subsidiadas em R$ 4,2 milhões por ano e os passes referentes aos servidores da prefeitura comprados antecipadamente pelo valor técnico de R$ 5,15 – ou seja, um impacto anual de R$ 1,8 milhão.