Depois de 90 dias na prisão e de renunciar à prefeitura de Dourados, Ari Artuzi (expulso do PDT), quebrou o silêncio e, em entrevista a uma emissora de TV, se defendeu das denúncias feitas na Operação Uragano.
“É uma armação com várias pessoas”. Porém não cita nomes de quem agiu para incriminá-lo. “Eu não suspeito de ninguém. Mas tem que descobrir a mando de quem o [Eleandro] Passaia fez isso”, declarou em entrevista ao jornal Bom Dia MS, da TV Morena.
O ex-prefeito questiona a gravação em que recebe R$ 10 mil. No vídeo, ele aparece na varanda de sua casa, contando o dinheiro. “A grande verdade é que não é [propina]. Foi um terreno que vendi por R$ 20 mil e recebi R$ 10 mil, foi passado escritura”, afirma.
Artuzi ainda defende a sua esposa Maria Artuzi, que também ficou mais de três meses na prisão. Ele explica que a gravação em que a ex-primeira-dama aparece recebendo dinheiro trata-se, na verdade, do pagamento da segunda parcela pela venda do terreno, também no valor de R$ 10 mil.
“Por isso que a minha esposa fala que precisa de mais [dinheiro]”. Conforme Artuzi, ela recebeu a metade do valor, enquanto esperava receber os R$ 20 mil.
Já a PF (Polícia Federal), responsável pela Uragano, informou que a propina é relativa à compra de um terreno pela prefeitura de Dourados para construção de um conjunto habitacional. O
município teria pago R$ 480 mil, sendo R$ 80 mil a mais do que o valor de mercado. De acordo com a denúncia, o montante seria repassado em várias parcelas ao prefeito.
Rapaz – Na entrevista, Artuzi dirigiu a artilharia contra Eleandro Passaia, que fez a denúncia à PF e gravou o pagamento de propina ao ex-prefeito e vereadores. Ele era homem de confiança de Artuzi e ocupava a secretaria de Governo.
Questionado sobre a origem do dinheiro entregue a vereadores, Artuzi rebateu que a pergunta tinha que ser feita a Passaia. “Tem que perguntar para aquele rapaz, chamado acho que Passaia. Ele que tem que falar onde pegou o dinheiro, de mim não foi. Se ele pegou dinheiro, ele tinha que ter ido para cadeia. Não eu”.
Medo – Apesar de ter sido transferido de delegacias de campo Grande sob a justificativa de ameaça de morte, porém Artuzi nega. “Tudo isso é mentira. Porque se quisessem me matar, tinham ido no meu sítio e me dado um tiro. O lugar mais fácil de me matar é lá. Eu não tenho medo”.