A ofensiva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra as críticas e as avaliações dos governos tucanos (1995-2002) feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra da casa civil e pré-candidata petista ao Planalto, Dilma Rousseff, não foi previamente combinada com a cúpula do PSDB. Apesar disso, as lideranças tucanas disseram ontem que o ex-presidente não está "nem na contramão nem fora do tom".
A única definição estratégica dos tucanos, até agora, é esta: o governador e pré-candidato ao Planalto, José Serra, vai oficializar sua candidatura em março e, até lá, não se envolve em nenhum bate-boca com Lula porque o presidente não é o candidato a enfrentar. O próprio Serra, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em meados do mês passado, disse que "candidato a presidente não é chefe da oposição".
Essa frase de Serra e a pouca disposição dos líderes do PSDB no Congresso em defender os governos tucanos liberaram Fernando Henrique para fazer o papel de "líder da oposição" nesta pré-campanha. Os congressistas tucanos estão vendo duas serventias na disposição crítica do ex-presidente: não deixar Lula e Dilma falarem sozinhos e, ao mesmo tempo, expor publicamente a crítica que os petistas menos gostam de ouvir, que a política econômica do governo Lula é continuidade da política econômica tucana.
"As mentiras do PT têm de ser desmascaradas e Fernando Henrique está mostrando muito bem que tentaram inventar um inimigo virtual. Este governo tem coisas boas e ruins, mas todas as coisas boas deste governo não são novas e o que é novo não é bom", disse o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), que preside o Instituto Tancredo Neves de estudos e pesquisas do PSDB. Para a cúpula tucana, o ex-presidente é hoje quem melhor pode falar pela oposição neste momento de pré-campanha, em que não há candidato oficial ao Planalto.