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Blair nega que invasão do Iraque visava a derrubar Saddam Hussein

O britânico ressaltou, contudo, que, "se necessário, e se não houvesse nenhum jeito de lidar com esta ameaça, nós iríamos removê-lo".

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair afirmou nesta sexta-feira que a invasão ao Iraque tinha como objetivo acabar com as armas de destruição em massa (que nunca foram encontradas) e não derrubar o regime liderado pelo ditador Saddam Hussein. Blair dá seu depoimento, previsto para durar seis horas, ao inquérito no Reino Unido sobre o que motivou a participação britânica na Guerra do Iraque.

"O assunto absolutamente central eram as armas de destruição em massa", não uma mudança de regime, disse Blair, primeiro-ministro em 2003, ano da invasão, negando ter como objetivo derrubar Saddam.

O britânico ressaltou, contudo, que, "se necessário, e se não houvesse nenhum jeito de lidar com esta ameaça, nós iríamos removê-lo".

"O único comprometimento que eu dei, e eu o fiz de maneira muito aberta à época, era um comprometimento de lidar com Saddam", disse Blair.

O primeiro-ministro disse ainda que opções militares foram discutidas, mas insistiu que afirmou ao então presidente americano George W. Bush que queria esgotar todas as rotas diplomáticas antes de uma invasão ser considerada.

Blair disse ainda que outros líderes mundiais não dividiam o seu entusiasmo –e o de Bush– para confrontar a ameaça de armas de destruição em massa. "Embora a impressão americana tenha mudado drasticamente [depois do 11 de Setembro, e francamente a minha também, quando eu falei com outros líderes, particularmente na Europa, eu não tinha a mesma impressão".

O ex-primeiro-ministro afirmou que o "cálculo do risco" representado pelas armas que supostamente o ditador iraquiano tinha mudou após os ataques terroristas contra os Estados Unidos em 2001.

Ao ser perguntado sobre sua estratégia sobre o Iraque, Blair disse que, antes do 11 de Setembro, achava que Saddam Hussein podia ser controlado com uma "política de contenção" e através de sanções. Sua decisão, afirmou, foi alimentada pelo temor de outros ataques terroristas semelhantes ao que os EUA presenciaram.

"O cálculo de risco mudou com os ataques nos EUA nos quais morreram mais de 3.000 pessoas. Se essa gente, inspirada por fanatismos religiosos, tivesse conseguido matar 30 mil, teriam feito, então cheguei à conclusão de que não se podia assumir riscos neste assunto", afirmou Blair.

Blair ressaltou ainda que esta posição era britânica e não dos Estados Unidos.