A dinâmica da política nacional ditou a condução da pandemia de Covid-19, os rumos da economia e até as relações familiares. Assim, não há como esconder a influência de correntes maiores também na política regional. Contudo, em 2022, o que veremos é um cenário pulverizado, com bolsonaristas dividindo-se entre as principais pré-candidaturas locais.
Quarteto de mais força apresentado até aqui na corrida pela cadeira de chefe do Executivo sul-mato-grossense, Eduardo Riedel (PSDB), Marquinhos Trad (PSD), Rose Modesto (União Brasil) e André Puccinelli (MDB) dividem as atenções e somam apoio das mais diversas correntes.
Riedel, por exemplo, subiu no palanque junto ao presidente Jair Bolsonaro na semana passada para a entrega de títulos no assentamento Itamarati, em Ponta Porã. Ele também firmou importante aliança com o PL, partido do presidente, e com o PP, sigla sob a batuta da ex-ministra Tereza Cristina, que é pré-candidata ao Senado.
Assim, o nome governista terá a benção de bolsonaristas e até mesmo de Bolsonaro para seguir na disputa, apesar de seu partido contar com pré-candidato a presidência definido. Já Marquinhos, mesmo não sinalizando que apoiará o candidato escolhido pela nacional do PSD, conta com ampla base evangélica, onde o bolsonarismo tem grande aprovação.
Rose Modesto, por sua vez, terá ao lado nomes que não concordaram com as alianças pré-estabelecidas, mas que optaram por seguir o União Brasil e o Podemos em Mato Grosso do Sul – os dois partidos que estão ao lado da pré-candidata ao governo local.
Nesse cenário também aparece André Puccinelli, que possui em sua base bolsonaristas, muitos deles servidores públicos – como policiais militares e bombeiros – que querem o retorno do ex-governador ao comando do Estado. Correndo por fora, aparece o nome de Capitão Contar, que quer o "selo" de "bolsonarista legítimo" e se filiou ao PRTB.
OPOSITORES LÁ, ALIADOS AQUI
Além do bolsonarismo pulverizado, também é possível ver opositores do atual presidente divididos entre os quatro candidatos mais fortes – o único a não contar com tais nomes é Contar, que confirmou sua pré-candidatura apenas no fim de semana passado.
Um exemplo disso é que ao lado de Riedel caminharão nomes que inclusive se opõem a Bolsonaro em Brasília (DF), como é o caso do deputado federal Dagoberto Nogueira, que estava no PDT mas migrou na janela partidária para o PSDB. Tucano com a mesma linha de pensamento é o ex-secretário de Saúde, Geraldo Resende, que saiu da pasta para se candidatar.
Já do lado de Marquinhos, há nomes que repudiam as atitudes de Bolsonaro. Um desses é o atual presidente da Câmara Municipal, Carlão, filiado ao PSB e autor de críticas recentes, mesmo sem citar o presidente. Algumas das falas são feitas, inclusive, de forma velada.
Ocorre o mesmo com Rose, que chegou a ser a principal negociadora da bancada sul-mato-grossense em Brasília para que o progressista Arthur Lira (Alagoas) fosse eleito presidente da Câmara Federal. Entre seus apoiadores consta Luiz Henrique Mandetta, ex-ministra da Saúde que saiu do governo brigado com o presidente, e um nome intimamento ligado ao PT.
Ele é Flávio Moura, que adotou o nome polítco Flávio Cabo Almi, em referência ao pai, deputado estadual petista que morreu em 2021 vítima da Covid-19. Flávio era um dos cotados para ser candidato à cadeira na Câmara Federal pelo PT neste ano, mas por ver que ali as possibilidades dele conseguir se eleger eram pequenas, preferiu migrar para o Podemos.
A mudança gerou polêmia na época, afinal, o Podemos era o partido que lançava ali a pré-candidatura a presidente da República do ex-juiz Sergio Moro, rival de Lula e nome com forte rejeição entre petistas. Semanas depois, Moro trocou o Podemos pelo União Brasil e abandonou as pretensões de ir às urnas como presidenciável por uma candidatura à deputado federal.
Por fim, no berço do emedebista André Puccinelli também repousa uma opositora ferrenha do bolsonarismo e que ganhou projeção nacional com isso: a ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet, hoje pré-candidata a presidenta da República pelo MDB. Vale ressaltar que ela foi vice de André no governo entre 2007 e 2010.
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