O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que o Brasil está disposto a estabelecer um diálogo com o movimento islâmico palestino Hamas, alvo de um boicote dos países ocidentais, e a participar do monitoramento de um eventual processo de paz no Oriente Médio. Ele admitiu que o governo brasileiro já manteve "contatos informais com o Hamas no passado", sem dar mais detalhes, e indicou que estaria disposto a repetir. "Se isso ajudar, não excluo. Acreditamos no poder da razão", disse.
Amorim participou hoje de reunião com o ministro de Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Riad Malki, em Genebra. No encontro, os ministros também trataram da realização de uma conferência mundial no Brasil com a diáspora palestina e a confirmação da visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aos territórios palestinos, Israel e Jordânia na semana do dia 15 de março.
Malki, como já fez no ano passado, criticou o Quarteto – grupo formado por Rússia, Estados Unidos, União Europeia e Organização das Nações Unidas (ONU)para promover o processo de paz. "Nós sentimos que Quarteto não faz o suficiente para fazer avançar o processo de paz. Ele deveria ser aberto e permitir que novas ideias sejam injetadas."
O palestino defendeu que uma conferência mais ampla seja convocada para lidar com a paz no Oriente Médio, inclusive com a participação do Brasil. "Sempre sentimos que muitos países têm o direito de dar sua contribuição para o processo de paz. Se o Brasil quiser ter esse papel, devemos considerar", disse.
Os palestinos acusam os israelenses de estarem bloqueando a retomada do processo de paz. Mas, em um eventual relançamento, querem um grupo de países mais próximos aos interesses palestinos para monitorar o cumprimento das obrigações. Para Celso Amorim, a ideia é que, em uma eventual retomada do processo de paz, o Itamaraty possa ficar encarregado em monitorar um aspecto do tratado, como fronteiras ou outro tema.