O uso da verba indenizatória pelos deputados para cobrir gastos com combustíveis entrou na mira da Corregedoria da Câmara. Nove parlamentares, de acordo com as prestações de bens declaradas à Justiça Eleitoral, aparecem como donos de postos ou distribuidoras de combustíveis. "Só uso nota de postos meus porque tenho a garantia de que o combustível é de boa qualidade", justificou Osório Adriano (DEM-DF). "Eu lá vou abastecer no posto da concorrência!" O valor da verba hoje é de R$ 15 mil mensais, dos quais R$ 4,5 mil podem ser gastos com combustíveis.
Osório disse que não há nenhum problema legal ou ético em abastecer no próprio posto com dinheiro público e ponderou que é um dos mais comedidos nos gastos com combustíveis – "apenas R$ 800 ao mês". Segundo levantamento do Estado, o valor é R$ 1.155, 33 por mês, entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2009. O detalhe é que o Distrito Federal, base de Osório, é a menor unidade da Federação.
Os gastos desse item estão entre os mais difíceis de fiscalizar e por isso são alvos frequentes de fraudes. Em apenas dois meses do ano passado, os deputados teriam comprado 1 milhão de litros de gasolina, o suficiente para dar 255 voltas ao redor da Terra. O deputado mineiro Edmar Moreira (sem partido) está sob investigação da corregedoria porque usou notas de empresas ligadas a ele para justificar gastos com segurança pagos com verba indenizatória.
Entre os nove deputados identificados, o mais gastador é Moisés Avelino (PMDB-TO), dono do Posto Atalaia, em Palmas. Ele gastou R$ 60,2 mil no mesmo período, utilizando quase todo mês a cota máxima de R$ 4,5 mil destinada a gastos com combustíveis. "As notas que entrego são todas quentes e nenhuma delas veio de empresa minha", garante.