A falta de infraestrutura em Três Lagoas voltou a evidenciar os problemas críticos na cidade. Ruas, avenidas e prédios alagados. Esse foi o cenário em vários bairros e centro da cidade, durante a chuva da terça-feira (26).
Os alagamentos ocorrem por falta de drenagem – sistema de captação de águas pluviais – que, segundo a administração municipal, têm valor elevado para a construção. Levantamentos da prefeitura apontam que, para resolver os principais problemas de alagamentos na cidade, seriam necessários R$ 400 milhões.
“É difícil pedir mais paciência, pedir compreensão em momentos como esse. Não é de hoje que Três Lagoas sofre com os alagamentos, com a lama, com os transtornos causados pela chuva. Quando me tornei prefeito eu já sabia que esse seria o meu maior desafio”, disse o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB) em sua página numa rede social, logo após os transtornos desta semana.
Guerreiro disse que em 2017, no início do governo, pediu esforços a engenheiros e à equipe de planejamento de obras para encontrar uma solução. “Para muitos, pode parecer simples, mas na verdade, Três Lagoas é uma cidade plana e com o lençol freático extremamente raso. Essa condição dificulta ainda mais a solução do problema. Com baixa declividade, em momentos de chuva forte, não temos a gravidade a favor. Nem a infraestrutura necessária”, acrescenta.
POLÊMICA
No ano passado, a prefeitura encaminhou à Câmara um projeto de lei com pedido de autorização para contrair um financiamento de R$ 243 milhões para a execução de obras. Os vereadores rejeitaram a matéria com alegação da falta de detalhamento do projeto. A prefeitura diz que o levantamento possui base no Plano de Ação Três Lagoas Sustentável, elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Para resolver, de uma vez por todas, esse problema que se arrasta há anos, serão necessários mais de R$ 400 milhões. Com recursos próprios demoraríamos mais de 15 anos. Não podemos esperar mais! Uma das soluções que encontramos é a mesma que municípios como São Paulo, a mais rica e maior cidade do país, adota em situações como essa: financiamento de longo prazo” acrescenta Guerreiro.
Após a derrota em plenário, o Executivo estuda novas formas de reencaminhar o projeto ao Legislativo, ainda sem data definida. Não está claro se haverá mudanças na redação original.
Bittencourt diz que obras precisam ser iniciadas com recursos próprios
O presidente da Câmara, André Bittencourt (PSDB), disse que, se o projeto de empréstimo “for bem esclarecido” os vereadores podem até aprovar. No entanto, entende que, com o orçamento do município seria possível reservar parte do montante necessário para a execução das obras. “Se o projeto for viável, bem detalhado, com valor, as ruas, e prazo para pagamento, se não impactar o orçamento, pode até ser aprovado”, disse o presidente.
Bittencourt ressalta ainda que o município tem R$ 167 milhões no caixa, e que, parte desse dinheiro poderia ser utilizada para o início dessas obras. Para o presidente da Câmara, é “ilusão” esse projeto do financiamento, já que depende de aprovação do Senado. “Esse é um projeto que pode demorar para ser aprovado. Não estou dizendo que o município tem o dinheiro para fazer tudo, mas dá para iniciar. O que não pode é passar os quatro anos e não fazer nada. Três Lagoas teve um superávit de R$ 90 milhões”, disse.
Acompanhe entrevista do presidente da Câmara nesta semana no RCN Notícias em que ele fala deste e outros assuntos