O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) decidiu ontem entrar no bate-boca entre o PT e o PSDB e acusou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de ter "inveja" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de não ter "moral para falar mal" da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão de Lula. Ao se referir ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Ciro xingou José Serra de "figura detestável".
"A vaidade misturada com a inveja que o Fernando Henrique tem de Lula é que provoca isso", afirmou. Para atacar FHC, Ciro lembrou as denúncias de compra de votos para aprovação da emenda que implantou a reeleição no Brasil. Argumentou ainda que, assim como Lula, Fernando Henrique também escolheu José Serra, na época seu ministro, candidato à sucessão presidencial. "A Dilma do FHC foi o Serra. O Fernando Henrique continua querendo impor essa figura detestável que é o Serra."
Duas vezes derrotado na disputa pela Presidência(1998 e 2002), Ciro Gomes reconheceu que Dilma Rousseff não tem experiência eleitoral, mas se negou a responder se ela apenas é o "reflexo de um líder", como declarou o ex-presidente FHC. "Dilma não tem vivência eleitoral. Esse dote ela não tem. Mas ela tem todos os dotes: é o melhor quadro que Lula e o PT poderiam apresentar", ressaltou.
Ao garantir que é candidato à Presidência da República pelo PSB, o deputado disse que o PT e o PSDB têm interesse em retirá-lo da disputa. "A única afinidade (dos dois partidos) é a tentativa de reduzir a um Fla-Flu. O Serra e o PT gostariam muito de retirar a minha oportunidade."
Para Ciro Gomes, tanto o PSDB quanto o PT se uniram "às mesmas figuras do passado" do PMDB. Ele citou nominalmente os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), lembrando que ambos ocuparam cargos de destaque nos dois governos. "FHC se atracou com o que há de mais atrasado no Brasil. O Lula se atracou com as mesmas figuras do passado", observou.
Na avaliação do deputado, Dilma Rousseff, se eleita, repetirá a mesma fórmula usada por Lula e FHC. "Se for eu, será diferente", assegurou. "Serra representa o passado. A Dilma é o presente e eu represento o futuro", disse. O deputado voltou a criticar a aliança entre PT e PMDB. "Todos os partidos têm seus defeitos e virtudes. Não sou contra o PMDB. Sou contra a frouxidão moral que representa a aliança PMDB-PT nesse momento", alegou.
Cortejado pelo PT para ser candidato ao governo de São Paulo, Ciro Gomes insiste em manter sua candidatura à Presidência da República. Afirmou desconhecer uma reunião, no dia 23, anunciada por petistas e por aliados, como o PCdoB, para discutir seu futuro eleitoral. Ciro reafirmou que só vai retirar seu nome da disputa presidencial se for um pedido do PSB. No carnaval, ele se encontrará com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, em Recife.
"Se o PSB quiser a retirada da minha candidatura à Presidência, eu aceito docemente. Se pedir para me candidatar ao governo de São Paulo, vou espernear muito e depois resolver", concluiu Ciro. Ele defendeu, no entanto, que o partido lance um nome, o do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na corrida eleitoral paulista. "Time que não joga não forma torcida."