Veículos de Comunicação

3

Collor reconhece que bloqueio da poupança foi um erro

O ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) reconheceu ontem (18) que o bloqueio do dinheiro das cadernetas de poupança, adotado por ele em 1990, a pretexto de conter inflação, foi um equívoco e que “tropeços aconteceram” quando esteve na Presidência.
“Naquela época, querendo fazer os ajustes de forma rápida, equivoquei-me. Certamente, eu não teria adotado um programa econômico que causasse tanto desassossego”, disse. “Se tivesse outra chance, não teria bloqueado a poupança de pessoas físicas e jurídicas.” Collor se recusou a classificar a medida como confisco. “A meu ver o que fizemos foi bloqueio [da poupança]”, argumentou.
O ex-presidente admitiu ainda ter cometido outros “erros cruciais e fatais”. Entre eles, citou “a falta de diálogo com a classe política e com [políticos e empresários de] São Paulo".
Sobre o processo que o levou ao impeachment em 1992, Collor acredita que não o teria sofrido caso tivesse mantido uma boa relação com o Congresso Nacional, e que todo o processo a que ele foi submetido teve início no pedido dele à Procuradoria Geral da República para que abrisse todos os processos e investigações que fossem necessários para o caso.

DEFESA

Collor afirmou que não teve como se defender naquele momento: “Os direitos de defesa me foram cerceados em todos os momentos e todos os prazos foram antecipados de forma brutal. Tanto o regimento do Congresso Nacional quanto a própria constituição. A lei do impeachment sequer havia sido regulamentada. O que havia era uma lei recuperada da constituição em 1950”.
A extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI) teria, segundo Collor, complicado ainda mais a situação. “Eu não sabia exatamente o que acontecia porque havia extinguido o SNI e não havia tido tempo de substitui por uma assessoria de inteligência para a Presidência da República nos moldes em que acho que deveria ser, que é de política e de captar as correntes de opinião no Congresso em relação a políticas externas, geopolítica."
Hoje no comando da Comissão de Infra-estrutura do Senado, Collor disse que pretende atuar de forma a auxiliar a ministra Dilma Rousseff  para que o Programa de Aceleração (PAC) do governo federal avance rapidamente e as obras sejam concluídas.
“Sou entusiasta do PAC, aliado do presidente Lula e faço parte de sua base de sustentação”, garantiu. “Sempre exaltei o projeto e ele precisa continuar avançando. Desde Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek não tivemos um governo que assumisse uma postura de indutor do desenvolvimento”, completou.