Os impactos da crise financeira internacional sobre a indústria frigorífica brasileira e os problemas enfrentados pela pecuária de corte serão discutidos nesta terça-feira (17), às 9h30, em audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). O debate deve reunir o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, um representante do Ministério da Fazenda e dirigentes de entidades do setor.
Os senadores estão preocupados com o fechamento de unidades de abate de grandes redes de frigoríficos no país, o que tem resultado em demissões de funcionários e no calote a pecuaristas que fornecem animais às redes. Em entrevista à Rádio Senado, o senador Gilberto Goellner (DEM-MT), autor do requerimento para a realização do debate, informou que 20 frigoríficos de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul já fecharam suas portas, o que representa a metade das unidades de abate desses estados.
– A previsão é de que podem ser fechados mais trinta mil postos de trabalho – frisou Goellner, ao defender a adoção de medidas, pelo governo, para a recomposição do setor.
Nesse sentido, o presidente da CRA, senador Valter Pereira (PMDB-MS), considera que a audiência pública contribuirá para identificar medidas emergenciais que possam evitar que a crise dos frigoríficos não contamine outros setores, em "efeito cascata".
De acordo com informações reunidas pela assessoria da CRA, estima-se que os pecuaristas do Centro-Oeste já tenham deixado de receber R$ 500 milhões desde que os frigoríficos Arantes, Independência e Frigoestrela entraram em recuperação judicial, no ano passado. Como resultado, os produtores estão pedindo alongamento de prazo para saldar dívidas com a indústria de rações, afetando também esse elo da cadeia de produção de carnes.
Além de Stephanes e de representante da pasta da Fazenda, estão confirmadas, para a audiência pública na CRA, as presenças da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), do presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Péricles Salazar, e do vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luis Carlos Guedes Pinto.
Dificuldades
O aumento dos custos de produção, a queda de preços dos produtos agrícolas e as dificuldades de acesso a crédito são três das principais preocupações que devem nortear o debate promovido pela CRA. Em relação ao crédito, Gilberto Goellner considera essencial ampliar o aporte de recursos disponibilizados pelos bancos oficiais ao agronegócio. Ele também defendeu um novo modelo de garantia dos financiamentos, com ênfase na produção.
– Precisamos mudar normativa do Banco Central, objetivando que os bancos adotem nova modalidade de análise de crédito e de obtenção de garantia – opinou o senador por Mato Grosso, ao defender a ampliação da atuação de bancos cooperativos.