A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas estourou o prazo oficial e segue na manhã deste sábado (9), em Durban, na África do Sul, sem definição ainda de um acordo para reduzir as emissões de gases-estufa.
A metodologia sul-africana preza pela transparência na negociação, para evitar que o processo se corroa por haver conversas paralelas, deixando algumas partes de fora – o que prejudicou, por exemplo, a conferência do Clima de Copenhague, em 2009.
Mas, ao mesmo tempo, tem tornado o processo mais lento, o que tem causado críticas. Um alto funcionário que participa das negociações apontava na manhã deste sábado que, se não houver logo uma definição, os ministros podem ir embora porque não conseguem remarcar seus voos num prazo razoável. "Não é uma questão política, é simplesmente algo que vai acontecendo", explicou.
Um texto principal inicialmente proposto pela presidente da conferência, a sul-africana Maite Mashabane, havia sido criticado por ser pouco incisivo em relação a avanços efetivos.
Essa é uma das questões mais quentes das negociações, já que os maiores emissores – China e EUA – ainda não deixaram claro se poderiam assumir esse tipo de compromisso. A União Europeia, o Brasil e outros países em desenvolvimento defendem a adoção de metas legalmente vinculantes.
Os EUA têm a dificuldade de que teriam de aprovar a questão em seu congresso, o que provavelmente não conseguiriam.
Lacuna
Foi retirada também a referência a que o novo instrumento legal vá entrar em vigor apenas a partir de 2020, como defendia a União Europeia. Cita-se a formação de um grupo de trabalho para conduzir a criação desse instrumento, que deve ser concluída em 2015.
O processo, segundo o texto, deve levar em conta recomendações do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), ainda por ser lançado. Estima-se que as as avaliações científicas sobre as medidas para conter o aquecimento global devam ser mais severas.
Protocolo de Kyoto
O texto em discussão pretende "garantir" que até 2020 as emissões dos países envolvidos (basicamente União Europeia e Austrália) sejam de, pelo menos 25 a 40% menos que os níveis de 1990. Diferentemente da versão anterior, há uma tabela com metas de redução para os países.
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