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Crise nos partidos antecipa corrida eleitoral de 2012 e até de 2014

O cientista político da UnB (Universidade de Brasília) Ricardo Caldas acha que Aécio não pode mesmo perder tempo

A presidente Dilma Rousseff mal esquentou sua cadeira no Palácio do Planalto e os partidos políticos já traçam seus planos para as corridas eleitorais de 2012 e 2014. Para alguns especialistas, a antecipação exagerada do assunto não passa de um sintoma de uma das maiores crises partidárias desde a redemocratização do Brasil, em 1985.

Já de olho na próxima campanha presidencial, o senador tucano Aécio Neves (MG) começou o mês tentando ganhar o apoio do novíssimo PSD. Criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para se livrar do DEM – abalado pela queda do governador do Distrito Federal, em 2010, e pela terceira derrota presidencial para o PT – o novo partido já foi chamado por Aécio de “partido sem identidade”, mas hoje ele pede para “conversar e manter vínculos” com os líderes da nova legenda.

Aécio também vem aproveitando o abalo no PSDB (que só em março perdeu seis vereadores na capital paulista) para se aliar ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a fim de barrar a ida de José Serra à presidência do partido e, principalmente, impedir que ele tente mais uma vez se candidatar à Presidência da República em 2014.

O cientista político da UnB (Universidade de Brasília) Ricardo Caldas acha que Aécio não pode mesmo perder tempo, independentemente da situação de seu partido.

– Ele não pode correr o risco de ser preterido pela quarta vez. Ele não vai correr esse risco. A pergunta é se essa candidatura vai acontecer pelo PSDB ou não. Uma das alternativas é fazer como o [hoje senador] Fernando Collor de Mello, que na eleição presidencial de 1989 criou seu próprio partido.

Caldas dá seu palpite sobre essa “rearrumação partidária”:

– A oposição não sabe mais fazer oposição. O DEM perdeu sua pouca identidade e não tem mais como sobreviver enquanto partido. Falta moral para fazer oposição moderada ou radical. A solução foi que uma parte do partido foi para o PSD e o que sobrou deve ir para o PSDB.

Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegaram a admitir em um debate a possível fusão de PSDB, DEM e PPS (também da oposição), assunto desmentido mais tarde por líderes do DEM.

A cientista política da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro lembra que a “fragmentação dos partidos de oposição só fortalece as legendas governistas”.