Estagnado há um ano, o Mercosul não dá mostras de um novo alento sob a presidência temporária da Argentina, que começa hoje e se estenderá até junho de 2010. Em seu discurso na 38.ª Reunião de Cúpula do Mercosul, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner indiretamente cobrou do Brasil maiores concessões e tolerância com o protecionismo de Buenos Aires e responsabilizou o País pela tarefa de reduzir as assimetrias econômicas do bloco.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não respondeu à exposição de Cristina e, antes do término do encontro de cúpula, embarcou para Brasília sem conceder entrevista à imprensa. Pouco antes, na reunião, defendera que o Mercosul "precisa ser cada vez mais ouvido" e que os "países em desenvolvimento têm a tarefa de construir um novo paradigma" no cenário internacional. Mas cobrara a série de decisões que o Mercosul deixou de tomar na cúpula de Montevidéu.
Entre elas, Lula mencionou o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) e uma melhor utilização do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), que disporá de mais de US$ 500 milhões em 2010. Criado para financiar projetos para a redução das assimetrias, o Focem conta com a maior parte de seus recursos intactos, dado o número irrisório de projetos apresentados pelos parceiros do Mercosul.