A convocação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, aos militares do país para que eles se preparem para uma guerra contra a Colômbia deve dificultar a votação, no Senado brasileiro, do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul. No programa semanal Alô Presidente, veiculado ontem (9), Chávez pediu à população que defenda o país contra eventuais invasões do território venezuelano por militares americanos e colombianos, a partir das bases instaladas na Colômbia.
O vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF), afirmou que o ato de Chávez “vai ser um complicador” para a votação do documento na quarta-feira (12), como foi acordado entre o presidente José Sarney (PMDB-AP) e alguns líderes, na semana passada.
DEM e PSDB devem tomar providências já no início desta semana para tentar inviabilizar a votação da matéria. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Demóstenes Torres (DEM-GO), pretende pedir ao líder de seu partido, José Agripino Maia (RN), que converse com Sarney para suspender a votação na quarta-feira.
“Vamos mostrar que mais uma vez Hugo Chávez tenta incendiar o continente”, afirmou Torres.
Já o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), afirmou que o seu partido defenderá, no plenário, que o Senado suspenda as discussões sobre o apoio brasileiro ao ingresso da Venezuela ao Mercosul. Na sua avaliação, o próprio presidente do Senado tem adotado a postura de delegar ao plenário decisões desta envergadura.
O tucano acrescentou que esta postura não impede os líderes de conversarem com José Sarney para transferir a votação da matéria até que fique mais clara a postura adotada pelo presidente da Venezuela.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), considera necessário estudar melhor este assunto até quarta-feira. Ele reconheceu, no entanto, que Hugo Chávez em nada ajuda o governo brasileiro para viabilizar a aprovação do protocolo no Senado.
Casagrande afirmou que com declarações desse tipo o venezuelano só cria problema para a base do governo que é favorável ao ingresso do país ao Mercosul.